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Memória: assassinato de Bruno Paolo e Babi Sixx completa nove anos

Na manhã de 18 de maio de 2014, um crime chocante abalou São João de Meriti. O policial militar Bruno Paolo dos Santos Couto e Bárbara Guimarães de Melo, conhecida como Babi Sixx, de 18 anos, foram encontrados sem vida.

No dia 16 de maio, uma sexta-feira, Bruno e Bárbara estavam em um bar em Nova Iguaçu, quando encontraram Aline Dolzany de Oliveira, ex-namorada de Bruno. De acordo com relatos, Aline tinha uma postura obsessiva em relação a Bruno. Um amigo contou ao R7, que o PM “não entrou em detalhes profundos, mas mencionou que Aline o perseguia há algum tempo”. Segundo a mãe do policial, após sua morte ela descobriu que Aline já havia danificado o carro de Bruno anteriormente em ataques de raiva.

Não se sabe o motivo que Bruno, mesmo diante destas situações, aceitou o pedido de carona de Aline, pois a casa dela ficava no caminho da do policial. Entretanto, Aliene foi para a casa de Bruno em Meriti. Uma vizinha que morava em frente à casa de Bruno testemunhou quando os três chegaram. Mais tarde, sua atenção foi chamada pelo som de discussão seguido de tiros. Ao olhar pela janela, ela viu Aline saindo correndo do local com sapatos na mão.

Segundo a investigação, a tragédia ocorreu na noite do dia 16 para 17 de maio de 2014. Aline Dolzany de Oliveira dopou ambos com medicamentos misturados na bebida. Pegou a arma de Bruno e disparou dois tiros em seu rosto. Em seguida, Bárbara também foi atingida por um tiro na cabeça. Mesmo com o testemunho da vizinha, os corpos dos jovens somente foram encontrados no dia 18 de maio quando a porta da casa aberta na Avenida Doutor Délio Guaraná 89, em Eden, chamou a atenção da vizinhança, que encontraram o casal morto na residência.

O PM Bruno Paolo tinha 33 anos, era lotado na Coordenadoria Especializada de Tecnologia da Informação e Comunicação (Cetic) da Polícia Militar e era conhecido por sua calma e habilidade como desenhista, além de ser o vocalista de uma banda de rock da Baixada Fluminense. Bárbara Guimarães de Melo, conhecida como Babi Sixx, e tinha somente 18 anos.

Aline Dolzany levou consigo a arma e o celular de Bruno, posteriormente ela vendeu a um amigo o parelho telefônico. Essa transação foi acompanhada pela mãe do policial militar, Teresinha de Jesus Santos, que ao tomar conhecimento da transação, Teresinha agiu e conseguiu recuperar o aparelho celular, cujo chip estava em seu nome. Teresinha então entrou em contato com a família de Aline e exigiu o reembolso do valor pago pelo celular, o qual foi prontamente realizado. Essa ação tinha como intenção evidenciar na investigação a possível ligação de Aline com as mortes ocorridas.

Teresinha de Jesus levou as evidências que apontavam para a autoria de Aline para a a Divisão de Homicídios da Baixada (DHBF), em Belford Roxo.

Prisão de Aline

No dia 18 de setembro de 2014, Aline Dalzany foi presa pela Polícia Civil em sua residência, em Nilópolis. Ela foi conduzida para a DHBF em Belford Roxo. O delegado do caso na época, Dr. João Luiz Garcia de Almeida e Costa, chegou à conclusão de que Aline era a autora dos dois assassinatos motivada por ciúmes. Aliene foi formalmente acusada pelo Ministério Público e foi mantida sob custódia. No entanto, a arma do crime, que pertencia a Bruno, não foi localizada.

Babi Sixx e Bruno Paolo

Julgamento

Após mais de quatro anos e meio, em 22 de novembro de 2018, Aline Dolzany foi levada a julgamento, mesmo estando em liberdade por meio de um habeas corpus. O juiz Adriano Celestino Santos, do Tribunal do Júri de São João de Meriti, seguindo a decisão do júri popular, que por unanimidade condenou Aline a 29 anos de prisão pelos homicídios e furto, uma vez que ela havia levado a arma e o celular de Bruno. Aline foi encaminhada ao Instituto Penal Talavera Bruce, no Complexo de Gericinó, em Bangu.

Durante o julgamento, Teresinha de Jesus Santos, mãe do policial militar, expressou sua satisfação com a condenação de Aline, mas lamentou profundamente a perda de seu filho. Ela enfatizou o desejo de ver Aline pagando pelo que fez na prisão, ressaltando que a vida de seu filho não tem preço.

No entanto,Aline Dolzany de Oliveira foi libertada em fevereiro de 2019 graças a um habeas corpus concedido pela 6ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, apesar da objeção do promotor de justiça. Essa decisão provocou indignação entre os familiares de Bruno e Bárbara, que questionaram firmemente os motivos por trás da soltura de Aline.

A falta de clareza sobre os critérios que levaram à libertação de Aline Dolzany, mesmo após sua condenação por um crime tão grave, levanta questionamentos sobre a efetividade do sistema de justiça criminal.

“Como é possível que uma condenada por duplo homicídio seja solta? Essa situação abala a credibilidade do sistema de justiça e mina a confiança da população na capacidade de punir os culpados”, afirmaram os familiares de Bruno.

Somente em 2023 o caso foi levado para segunda instância no Tribunal do Rio de Janeiro, onde, em um novo julgamento, Aline foi mais uma vez condenada por unanimidade. No entanto, sua pena foi reduzida para 16 anos de prisão. Após esta decisão, Teresinha Santos, mãe do policial Bruno, informou que Aline Dolzany está foragida desde março deste ano. Essa nova reviravolta no caso apenas intensifica o sentimento de injustiça e impunidade experimentado pelos familiares das vítimas.

A tragédia que envolveu Bruno Paolo dos Santos Couto e Bárbara Guimarães de Melo deixou marcas profundas nas famílias afetadas. O desfecho incerto e perturbador desse caso ressalta a necessidade de uma revisão e aprimoramento do sistema de justiça, para que casos semelhantes sejam tratados de forma adequada e que a confiança da sociedade seja restaurada. É essencial que Aline seja responsabilizada pelos seus atos, garantindo justiça às vítimas e seus entes queridos.

 

Depoimento de Tânia Guimarães, mãe de Bárbara, no encontro Jovem Fica Vivo na sede da ComCausa, em 2014:

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Adriano Dias

Jornalista militante e fundador da #ComCausa

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