Rio de Janeiro

Caso Claudia Silva Ferreira: PMs acusados do homicídio são absolvidos dez anos depois

Após uma década de um dos casos mais chocantes envolvendo a Polícia Militar do Rio de Janeiro, os policiais acusados do homicídio de Claudia Silva Ferreira, arrastada por uma viatura da PM por 350 metros na Zona Norte do Rio, foram absolvidos pela Justiça. O trágico incidente ocorreu durante uma operação policial, onde Claudia foi baleada e, posteriormente, arrastada enquanto estava na mala do veículo policial, que, ao percorrer pelas ruas, teve a porta do compartimento aberta, resultando na projeção da vítima para fora do automóvel.

O capitão Rodrigo Medeiros Boaventura, responsável pelo comando da patrulha, e o sargento Zaqueu de Jesus Pereira Bueno, que estavam entre os acusados, foram absolvidos das acusações de homicídio. O juiz Alexandre Abrahão Dias Teixeira, da 3ª Vara Criminal, alegou que os policiais agiram em legítima defesa durante um tiroteio com traficantes, ainda que o disparo que atingiu Claudia tenha partido da posição dos agentes. Além disso, outros policiais também foram absolvidos, incluindo subtenentes, sargentos e cabos, acusados de fraude processual por supostamente removerem o corpo de Claudia para alterar a cena do crime.

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Em meio à controvérsia gerada pela absolvição, Boaventura assumiu um cargo na Vice-Governadoria do estado, conforme anunciado no Diário Oficial. Enquanto isso, Bueno permanece na PM, apesar de ter sido anteriormente preso sob a acusação de integrar uma milícia na Zona Norte do Rio.

A tragédia que tirou a vida de Claudia, uma auxiliar de serviços gerais e mãe de quatro filhos, começou quando ela foi baleada no pescoço e nas costas após sair de casa para comprar pão no Morro da Congonha, em Madureira. Os policiais envolvidos na operação a colocaram na mala da viatura sob a alegação de socorrê-la, porém, durante o trajeto, a porta se abriu e Claudia foi lançada para fora do veículo, como registrado em um vídeo feito por um motorista na Estrada Intendente Magalhães.

Apesar dos alertas de pedestres e motoristas, os policiais não pararam, resultando na morte de Claudia. A família da vítima, exausta pela tragédia e pela lembrança do terrível incidente, deixou a favela após fazer um acordo com o governo e receber uma indenização. O viúvo, Alexandre da Silva, e os filhos de Claudia mudaram-se para a Zona Oeste da cidade, buscando deixar para trás o doloroso episódio que marcou suas vidas.

Relembre o caso:

Memória: Cláudia Silva Ferreira

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João Oscar

João Oscar é jornalista militante de direitos humanos da Baixada e colaborador da ComCausa