Campanhas

Dia da Aviação de Caça da Força Aérea Brasileira

Todos os anos, no dia 22 abril, a Força Aérea Brasileira celebra o Dia da Aviação de Caça. A data é lembrada com carinho por militares, pesquisadores e, até mesmo, entusiastas da aviação (como você, caro leitor). Porém, muitos desconhecem a razão da data.

Mesmo enfraquecidas, as tropas nazi-fascistas da Alemanha e da Itália seguiam resistindo. O avanço dos Aliados era imparável, o fim da guerra se aproximava e em 19 de abril as linhas do front alemão foram quebradas ao norte da Itália. Agora a região precisava ser devidamente tomada com o estabelecimento de cabeças de ponte para evitar uma recuada organizada das tropas inimigas.

Entre 21 e 24 de abril de 1945, as Forças Aéreas presentes na região realizaram um enorme esforço conjunto em missões de interdição e ataque contra as forças alemãs na região do Rio Pó. Os brasileiros do 1º Grupo de Aviação de Caça, o Esquadrão Jambock, popularmente conhecido pelo seu grito de guerra “Senta a Púa!”, participaram das missões.

Criado em 18 dezembro de 1943, o 1º GAvCa nasceu no meio do calor do combate, assim como a própria Força Aérea Brasileira, fundada anos antes em janeiro de 1941. Seus integrantes eram todos voluntários e o grupo já estava em combate na Itália desde 31 de outubro de 1944.

Empregando o caça-bombardeiro Republic P-47D Thunderbolt, a unidade destacava-se no teatro por conta da bravura, precisão e quantidade de missões de ataque realizadas. Mesmo com a perda de diversos pilotos – fugitivos, refugiados, capturados e outros mortos em combate – o Senta a Púa manteve a moral alta e cumpriu com sucesso as missões que lhes eram atribuídas.

Todo esse esforço atingiu o seu auge em 22 de abril de 1945. Apoiando a grande ofensiva aliada para deter os alemães que estavam fugindo, o grupo deu o seu máximo com apenas 22 pilotos e 23 aviões disponíveis.

Os voos começaram às 08h30 da manhã de um 22 de abril frio e com nuvens em plena primavera italiana, terminando às 17h20 com o pouso da última esquadrilha. De acordo com dados do site Jambock, do historiador Vicente Vazquez, ao final do dia, o 1º Grupo de Caça destruiu ou imobilizou 35 veículos de tração animal, 97 veículos de autopropulsados (17 danificados), um parque de viaturas, 14 edifícios, uma ponte de barca e uma ponte rodoviária, tendo atacado, ainda, outras quatro posições inimigas.

O esforço foi hercúleo. Ao todo foram 44 surtidas, com todos os pilotos tendo voado duas vezes, junto de um trabalho intenso dos mecânicos do grupo na base de Pisa. Um dos aviadores, o 2º Tenente Marcos Eduardo Coelho de Magalhães, foi abatido e capturado, sendo resgatado no final da guerra.

O 22 de Abril do Jambock foi único. Com poucos pilotos, poucos aviões e quase nenhum recompletamento, a missão foi realizada com sucesso, e o esforço do grupo foi reconhecido.

O então comandante do 350th Fighter Group – unidade a qual o Grupo era subordinado -, Coronel Ariel W. Nielsen, recomendou que o 1º GAvCa recebesse a Presidential Unit Citation (PUC), uma honraria concedida à unidades americanas que demonstram bravura, coragem, determinação e espírito de corpo ao enfrentar o inimigo em combate.

A PUC também é habitualmente chamada de “Blue Ribbon” por conta da barreta de medalha usadas nas fardas. O distintivo da PUC consiste em uma faixa azul envolta por uma moldura dourada.

Segundo o site Jambock, a recomendação foi enviada em 17 de maio de 1945. Porém, a condecoração só foi entregue em 22 de abril de 1986. Em uma cerimônia realizada na Base Aérea de Santa Cruz (atual Ala 12), sede do esquadrão, a Blue Ribbon foi finalmente entregue à unidade.

O evento foi presidido pelo então presidente José Sarney, contando com a presença de vários veteranos do Jambock. A PUC foi entregue pelo Secretário da Força Aérea dos EUA e pelo Embaixador americano.

Durante um certo tempo os F-5E Tiger II do 1º Grupo de Aviação de Caça carregavam uma pequena pintura na cauda, celebrando a condecoração. Hoje, os F-5EM, modernizados, os caças ostentam a pintura no topo da cauda.

A Aviação de Caça da FAB carregará para sempre os feitos de todos os caçadores do passado. Todos voluntários, deram o seu melhor na missão de proteger o mundo inteiro do julgo nazi-fascista que assolou a Europa na Segunda Guerra Mundial.

| Editoria Virtuo Comunicação

| Projeto Comunicando ComCausa

| Portal C3 | Instagram C3 Oficial

João Oscar

João Oscar é jornalista militante de direitos humanos da Baixada e colaborador da ComCausa