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Dia da execução dos condenados no processo de Mauthausen

No dia 27 de maio, na Alemanha, ocorreu a execução de 22 condenados no processo de Mauthausen. A pedreira de Mauthausen ficou conhecida pela trágica “Escada da Morte”, onde prisioneiros eram submetidos a uma terrível provação.

Nesse local infame, os prisioneiros eram obrigados a subir os 186 degraus da pedreira carregando blocos de pedra de 50 kg em fila. Essa tarefa exaustiva resultava em frequentes acidentes, nos quais prisioneiros exaustos caíam uns sobre os outros, provocando uma sequência de quedas em efeito dominó, levando à morte ou a graves ferimentos.

Essa brutalidade era intencional e seguia os métodos cruéis dos SS, que forçavam os prisioneiros a subirem correndo os degraus da pedreira, carregando pedras pesadas, após horas de trabalho exaustivo, sem receber comida ou água suficiente. Aqueles que caíam eram sumariamente executados. Os poucos sobreviventes eram submetidos ao chamado “Muro do Paraquedas”, onde alinhados na crista da pedreira, à beira do precipício, tinham que escolher entre serem fuzilados em fila ou empurrarem seus companheiros ao lado para a queda no penhasco.

Essas práticas desumanas revelam a crueldade extrema perpetrada durante o período sombrio do regime nazista. É fundamental relembrar esses acontecimentos para que jamais se repitam e para honrar a memória das vítimas que sofreram nessas circunstâncias terríveis.

Outros métodos de extermínio usados em Mauthausen eram:

  • Surra com bastões até a morte
  • Chuveiro de gelo, onde eram obrigados a tomar um banho gelado e depois deixados para secar do lado de fora da barraca sob um frio de -30 °C, morrendo de hipotermia (3.000 morreram assim)
  • Fuzilamento em grupo
  • Experimentos médicos (ver: experimentos humanos nazistas), com inoculação de bactérias de tifo e cólera nos prisioneiros para testar vacinas. (2000 mortos)
  • Enforcamento
  • Fome em solitárias
  • Afogamento em barris de água

O mais famoso dos julgamentos de crimes de guerra realizados após a guerra é o julgamento de 22 importantes autoridades alemãs perante o TMI em Nuremberg. Este julgamento começou em 20 de novembro de 1945. O TMI chegou a seu veredicto em 1º de outubro de 1946, condenando 19 dos réus e absolvendo 3. Dentre os condenados, 12 foram sentenciados à morte, dentre eles, o Marechal do Reich Hermann Göring, Hans Frank, Alfred Rosenberg e Julius Streicher. O TMI sentenciou três réus à prisão perpétua, e quatro deles a períodos de reclusão que variavam entre 10 e 20 anos.

Além do TMI de Nuremberg, as potências aliadas estabeleceram o Tribunal Militar Internacional para o Extremo Oriente em Tóquio, em 1946, que julgou os principais oficiais japoneses.

Além das 12 penas de morte, o Tribunal condenou sete nazistas à prisão; em três casos, perpétua. Albert Speer, arquiteto preferido de Hitler e seu assessor, que durante a guerra tornou-se ministro de Armamentos e Munição, recebeu 20 anos de cadeia. Ele foi um dos poucos a confessar sua culpa, distanciando-se explicitamente do regime nazista. Sob protestos dos membros soviéticos do Tribunal, três dos acusados foram absolvidos.

Ao encerrar os julgamentos, o Tribunal de Nurembergue salientou: “Hitler e seu sistema provocaram um sofrimento enorme, além de privação e miséria, entre o povo alemão. Com o final desse processo, Hitler será desprezado e condenado como um dos autores desse infortúnio. O mundo, no entanto, deverá aprender do ocorrido que ditaduras como formas de Estado deverão não apenas ser odiadas, mas também temidas”.

Das 12 penas de morte, 10 foram executadas. Martin Bormann, o assessor mais próximo de Hitler em seu primeiro quartel-general, estava desaparecido, sendo julgado à revelia e condenado à morte.

Hermann Göring suicidou-se na véspera do dia 16. Quando os seguranças do presídio perceberam que ele se mantinha estranhamente imóvel deitado sobre seu banco, chamaram seus superiores e um médico. Este constatou a morte de Göring por envenenamento. Nunca foi esclarecido quem lhe entregou o veneno.

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João Oscar

João Oscar é jornalista militante de direitos humanos da Baixada e colaborador da ComCausa