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Passagem de Mãe Beata de Iemanjá

Beatriz Moreira Costa, conhecida como Mãe Beata de Iemanjá, ganhou notoriedade por seu papel como líder espiritual. Ela nasceu em 20 de janeiro de 1931, em Cachoeira, na Bahia, Brasil. Sua linhagem espiritual incluía a maternidade divina de Iemanjá, a deusa das águas e mãe dos peixes, e a paternidade de Exu, o orixá mensageiro das encruzilhadas. Mãe Beata de Iemanjá foi iniciada no candomblé por Mãe Olga do Alaketo do Ilê Maroiá Láji.

 

Em 1969, Mãe Beata de Iemanjá separou-se de seu parceiro e deixou Cachoeira para se estabelecer no Rio de Janeiro, onde trabalhou como atriz e figurinista em novelas da Rede Globo de Televisão até se aposentar. Em 20 de abril de 1985, Mãe Olga do Alaketo consagrou Mãe Beata de Iemanjá como Mãe de Santo do Ilê Omiojuarô, no Rio de Janeiro.

Além de suas atividades religiosas, Mãe Beata de Iemanjá era uma ativista dos direitos humanos, com foco especial nos direitos das mulheres negras. Ela escreveu os livros “Caroço de Dendê, Sabedoria dos Terreiros” em 1997 e “As histórias que minha avó contava” em 2005. Em 2006, Glória Cecília de Souza Filho escreveu uma tese de doutorado em Educação na Universidade Estadual do Rio de Janeiro intitulada “Os Fios de Contos, de Mãe Beata de Iemanjá — Mitologia Afro-brasileira e Educação”. Mãe Beata também foi conselheira da Renafro — Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde. Ela recebeu a Medalha de Mérito Cívico Afro-Brasileiro, concedida pela Universidade da Cidadania Zumbi dos Palmares de São Paulo.

Em 2007, Mãe Beata de Iemanjá recebeu o Prêmio Bertha Lutz, instituído pelo Senado Federal do Brasil para homenagear mulheres que tenham contribuído significativamente na defesa dos direitos sexuais e reprodutivos.

Mãe Beata e a Baixada Fluminense

Mãe Beata de Iemanjá também teve um papel importante na Baixada Fluminense, principalmente em Nova Iguaçu. Após se estabelecer no Rio de Janeiro, ela desempenhou um papel ativo na comunidade religiosa e na defesa dos direitos das mulheres negras na região.

Mãe Beata de Iemanjá compartilhou seus conhecimentos espirituais e se tornou uma figura respeitada na cidade. Ela trabalhou como líder religiosa, orientando e ajudando pessoas em suas práticas espirituais. Além disso, Mãe Beata de Iemanjá continuou seu ativismo pelos direitos humanos, organizando eventos e palestras. Ela foi uma voz incansável na luta contra o racismo, a discriminação e a violência direcionada às mulheres negras.

Sua presença em Nova Iguaçu deixou um legado significativo na comunidade, inspirando e capacitando muitos indivíduos. Mãe Beata de Iemanjá foi uma líder espiritual e uma defensora incansável dos direitos humanos, deixando uma marca indelével na cidade de Nova Iguaçu.

Ilê Omiojuarô

O Ilê Omiojuarô, liderado por Mãe Beata de Iemanjá desde sua fundação, é um renomado terreiro de Candomblé situado em Miguel Couto, Nova Iguaçu. Sua história remonta a um marco importante em 20 de abril de 1985, quando Mãe Olga do Alaqueto, vinda da Bahia, concedeu à sua filha de santo o título de “mãe”. Foi então que o Ilê Omiojuarô – Casa das Águas dos Olhos de Oxóssi – foi estabelecido, com Mãe Beata de Iemanjá assumindo o cargo de ialorixá.

Ao longo dos anos, o Ilê Omiojuarô se tornou um ponto de referência na tradição dos Orixás. Em 1987, teve a honra de sediar o terceiro encontro regional dessa tradição em 15 de novembro. Dois anos depois, em 1989, foi palco do décimo encontro regional das religiões afro-brasileiras em 28 de novembro.

O reconhecimento pela importância histórica e cultural do terreiro veio em 2015, quando o IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) concedeu o tombamento ao Ilê Omiojuarô, consagrando-o como Patrimônio do Estado do Rio de Janeiro. Essa distinção ressalta a relevância do terreiro na preservação e difusão da cultura religiosa afro-brasileira.

Em 2017, ela seria agraciada com a Medalha Tiradentes da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (ALERJ), uma honraria concedida pelo governo para premiar pessoas que tenham prestado relevantes serviços à causa pública do estado do Rio de Janeiro.

Mãe Beata fez a passam em 27 de maio de 2017, e a homenagem foi mantida e recebida por seus filhos e filhas espirituais.

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João Oscar

João Oscar é jornalista militante de direitos humanos da Baixada e colaborador da ComCausa