Documentário sobre a Operação Camanducaia
Operação da ditadura que torturou 93 jovens e adolescentes de São Paulo será retratado em um documentário.
A produção ‘Operação Camanducaia’, do diretor Tiago Toledo, relatará a escandalosa ação da polícia civil de São Paulo de violação dos direitos humanos, e estreiará no dia 2 de outubro, no canal Curta!. Foram realizadas pesquisas em aproximadamente 1,5 mil páginas de documentos e jornais, entrevistadas cerca de 40 pessoas, entre elas o jornalista Paulo Markun, o padre Júlio Lancellotti, o ex-governador de São Paulo Laudo Natel, e o escritor José Louzeiro, autor do livro “Infância dos Mortos” que relata o episódio.
Relembre o caso
No dia 19 de outubro de 1974 policiais civis fizeram uma limpeza no Centro de São Paulo com a desculpa de tirar de circulação os chamados “trombadinhas”. Foram levados 93 jovens e adolescentes, entre eles, muitos trabalhadores foram presos na operação sem qualquer satisfação legal ou vestígio de paradeiro dos detidos.
Os policiais civis selecionaram quase cem menores do sexo masculino, detidos em celas no 3º andar da sede do Departamento Estadual de Investigações Criminais de São Paulo (DEIC). Depois foram foram embarcados em dois ônibus estacionados no pátio do departamento. Na região de Camanducaia, divisa com Minas Gerais, os veículos foram estacionados no acostamento na altura do quilômetro 170 da rodovia, próximo à uma ribanceira. Por ordens dos policiais, os menores entregaram seus documentos, que foram posteriormente rasgados pelos policiais, e se despiram.
Foram obrigados a desembarcar dos ônibus nus sob golpes de porretes e ataques de cães. No mesmo local foram espancados e, sob disparos das armas dos policias foram obrgado a pularem de uma ribanceira. Pouco tempo depois, os carros da polícia deixavam local, de volta à São Paulo.
Após repercussão na mídia, ocorreram três pedidos de apuração do caso, solicitados pelo juiz de menores Artur de Oliveira Costa, pelo corregedor geral dos presídios Ricardo Laércio Talli, e pelo secretário de segurança pública Erasmo Dias.
Posteriormente, por ordem do secretário de segurança pública, o DEIC abriu uma sindicância do caso, sendo coordenada pelo delegado Rubens Liberatori. Paralelamente às investigações oficiais, a imprensa continuou apurando o caso. A sindicância aberta pelo DEIC apresentou o escrivão José Alípio como mentor da operação, tendo contado com a participação de quatro policiais membros da patrulha bancária: Valdemar Miguel, José Samuel Garcia, Roberto Silva Gonçalves e Otacílio Augusto.