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Memória: Policial civil Eduardo de Oliveira

No dia 16 de abril de 2012, por volta das 19h30m, durante uma operação policial em Saracuruna, Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, Eduardo de Oliveira, um policial civil de 25 anos da 65ª DP (Magé), foi morto com um tiro no pescoço. Infelizmente, o disparo teria sido efetuado pela arma de seu colega, o inspetor Lincoln Vinícius Bastos Vargas, que também estava presente na ação.

Segundo a versão inicial da polícia, Eduardo e outros dois policiais estavam na Rodovia Washington Luiz quando foram confrontados por três assaltantes. Eduardo estava abaixado e Lincoln em pé atrás do carro em que seguiam. O tiro, que deveria ter sido disparado para frente, foi para baixo, atingindo o pescoço de Eduardo.

Três meses após o crime, um laudo do Instituto de Criminalística Carlos Éboli derrubou essa versão e apontou que a arma do crime era de Lincoln. A perícia concluiu que o tiro provavelmente havia partido de cima para baixo e acertado a cabeça de Eduardo. O caso foi enviado para a Corregedoria de Polícia.

A mãe de Eduardo, Rose Oliveira, não se conformou com a morte do filho e buscou ajuda da Comissão de Direitos Humanos da Alerj, onde conheceu a então assessora Marielle Franco, que se tornou sua amiga e apoiadora. Marielle acompanhou Rose nas audiências e nas manifestações pela elucidação do caso. Marielle foi assassinada em 2018.

O júri popular que iria julgar Lincoln foi cancelado com a mudança da linha de investigação. O novo julgamento ainda não tem data. Rose Oliveira diz que não teve nenhuma resposta da polícia e que só fala com o promotor de Justiça. Ela afirma que Lincoln continua trabalhando normalmente na polícia.

Rose Oliveira pede que o caso do filho não seja esquecido e que a justiça seja feita. Ela diz que sofre com a impunidade e a falta de apoio das autoridades. Ela ta

ele foi baleado durante uma troca de tiros com bandidos na Avenida Washington Luiz, altura de Sarucuruna, Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Quando o resultado da balística chegou, a surpresa foi geral: o disparo que atingiu Eduardo partiu de outro policial, Lincoln Vinicius Bastos Vargas, de 44, inspetor da mesma delegacia do rapaz morto.

Dois meses depois da morte, a mãe de Dudu, Rozemar, foi até Brasília pedir ajuda da presidente Dilma Rousseff. Um assessor da presidência ajudou na liberação das imagens das câmeras de segurança da via. O material, no entanto, não revelava o momento do tiro. Em 2013, o destino foi a favela da Maré, também na Zona Norte carioca. Era lá que morava um dos bandidos que trocaram tiros com os policiais. Rozemar sentou na sala da mãe do homem que havia confessado participação no assalto. Ele, no entanto, não soube dizer se era uma emboscada.

A desconfiança da mãe se cristalizou com o laudo da necropsia. Nele, o perito afirma que Eduardo foi atingido por um projétil de cima para baixo, que foi parar na traqueia. A denúncia do Ministério Público, no entanto, aponta para homicídio culposo, quando não há intenção de matar, e pede para que o agente passe por “reciclagem de tiros e técnicas de abordagem”.

Durante todos os anos de luta de Rozemar por Justiça, o quarto de Dudu se manteve quase intacto. O chão brilha, as roupas estão limpas e penduradas, a cama parece esperar o momento em que o rapaz vai chegar do trabalho na delegacia para o descanso.

Bruna Vieira tinha 15 anos quando perdeu o irmão. Ela lembra bem que Dudu folgava toda quinta-feira, mas, naquela semana, antecipou em um dia o descanso. O policial nunca disse para ninguém o porquê. Ele também não deixou claro a razão de sair naquele 16 de abril de colete a prova de balas — o que nunca fazia.

O caso completou dez anos, a família segue em busca de justiça.

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Adriano Dias

Jornalista militante e fundador da #ComCausa