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Ronnie Lessa aponta réu de caso Patrícia Amieiro como parceiro de crime

Em nova delação, Ronnie Lessa, o assassino confesso da vereadora Marielle Franco, apontou o policial militar Fábio da Silveira Santana, conhecido como Fábio Caveira, como cúmplice na execução do ex-policial André Henrique da Silva Souza, o André Zóio. Segundo Lessa, Fábio Caveira também teria sido responsável pela morte da namorada de André, Juliana Sales de Oliveira.

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Fábio Silveira Santana é réu por fraude processual no caso Patrícia Amieiro, a engenheira desaparecida em junho de 2008, após seu carro ser alvejado por tiros de policiais. Na próxima sexta-feira (14), a morte de Patrícia completará 16 anos, e a Justiça marcou para o dia 20 o novo júri popular do caso, onde os PMs Marcos Paulo Nogueira Maranhão e William Luís Nascimento responderão por tentativa de homicídio, e Fábio Silveira Santana e Marcos Oliveira por fraude processual.

Lessa, agora delator no processo que investiga a morte de Marielle Franco e seu motorista Anderson Gomes, também implicou Domingos Brazão, ex-conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro, e Chiquinho Brazão, deputado federal, como mandantes do crime. Os irmãos Brazão foram presos pela Polícia Federal.

Durante a delação, Lessa admitiu participação em outros crimes, incluindo a morte de André Zóio e de sua namorada Juliana. Ele afirmou que Fábio Caveira matou Juliana, descumprindo um acordo entre eles durante a execução de André em 14 de junho de 2014, na comunidade Gardênia Azul, Zona Oeste do Rio de Janeiro.

O Ministério Público apontou André Zóio como miliciano atuante em Campo Grande, que na época tentava expandir seu território para a Freguesia, em Jacarepaguá. Lessa relatou que o conflito começou devido a uma disputa por lucros de máquinas de música e fliperamas na região.

Em 2014, Lessa disse que encontrou André em um restaurante e, após uma discussão armada, conseguiu desarmá-lo e mandou devolver a arma no dia seguinte. Esta afronta resultou no planejamento de sua execução por Lessa e Fábio Caveira.

Lessa contou que ele e Fábio usaram um fuzil AK-47 e um AR-15 para enfrentar André na Gardênia Azul, temendo uma possível reação da milícia local. “Nós decidimos eliminá-lo para evitar que fossemos eliminados”, declarou Lessa.

Dezesseis anos da morte da engenheira

O policial Fábio, que é acusado por Lessa de matar Juliana Sales, também está envolvido em outro crime relevante e de difícil conclusão.

No dia 14 de junho de 2008, a engenheira Patrícia Amieiro foi vista com vida pela última vez. Segundo a denúncia, ela foi morta, aos 24 anos, na Barra da Tijuca, quando voltava de uma festa na Zona Sul do Rio e teve seu carro atingido por tiros de policiais.

Segundo as investigações, quatro policiais militares se envolveram com o crime. O corpo de Patrícia nunca foi encontrado.

Segundo a polícia, Patrícia perdeu o controle do veículo após os tiros e colidiu em dois postes e uma mureta. Na época, o carro foi encontrado na beira do Canal de Marapendi, na Barra da Tijuca, com o vidro traseiro quebrado e o porta-malas aberto.

Para o Ministério Público, o corpo foi retirado do veículo e o carro jogado no canal pelos policiais envolvidos na ocorrência para impedir que o homicídio fosse descoberto.

No primeiro julgamento, em dezembro de 2019, os policiais militares Marcos Paulo Nogueira Maranhão e William Luís Nascimento foram condenados a três anos de prisão por fraude processual. Também acusados de envolvimento no caso, os PMs Fábio Silveira Santana e Marcos Oliveira foram absolvidos.

Editoria Virtuo Comunicação

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João Oscar

João Oscar é jornalista militante de direitos humanos da Baixada e colaborador da ComCausa