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José Saramago uma Lenda da Literatura Portuguesa

José de Sousa Saramago, um escritor português de renome mundial, nasceu em Azinhaga, Golegã, em 16 de novembro de 1922, embora o registro oficial indique o dia 18 como o de seu nascimento. Saramago, que passou grande parte de sua vida em Lisboa, era conhecido por seu ateísmo e iberismo. Ele foi membro do Partido Comunista Português e diretor-adjunto do Diário de Notícias.

Saramago foi agraciado com o Nobel de Literatura em 1998 e o Prêmio Camões em 1995, o mais importante prêmio literário da língua portuguesa. Ele foi considerado o responsável pelo efetivo reconhecimento internacional da prosa em língua portuguesa. Em 24 de agosto de 1985, foi agraciado com o grau de Comendador da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada e, em 3 de dezembro de 1998, foi elevado a Grande-Colar da mesma Ordem, uma honra geralmente reservada apenas a Chefes de Estado.

Vários de seus livros foram adaptados para o cinema, incluindo “Ensaio sobre a Cegueira”, que foi lançado em 2008 e produzido no Japão, Brasil, Uruguai e Canadá, dirigido por Fernando Meirelles. Em 2010, o diretor português António Ferreira adaptou um conto do livro “Objecto Quase” para o filme “Embargo”. O livro “O Homem Duplicado” também foi adaptado para o cinema em 2014, dirigido por Denis Villeneuve e estrelado por Jake Gyllenhaal.

Saramago, que era casado com a espanhola Pilar del Río, viveu na ilha espanhola de Lanzarote, nas Ilhas Canárias. Em 29 de junho de 2007, ele criou a Fundação José Saramago para a defesa e difusão da Declaração Universal dos Direitos Humanos e dos problemas do meio ambiente. Em 2012, a Fundação José Saramago abriu suas portas ao público na Casa dos Bicos em Lisboa, presidida por sua esposa Pilar del Río.

José Saramago faleceu em Tías, Lanzarote, em 18 de junho de 2010. A título póstumo, em 2021, no âmbito da abertura oficial das comemorações do centenário do seu nascimento, foi condecorado com o grau de Grande-Colar da Ordem de Camões por “serviços únicos prestados à cultura e à língua portuguesas”, tornando-se o primeiro membro titular desta ordem honorífica recém-instituída.

Conhecido pela sua defesa do direito a cultura e dos Direitos Humanos, foi um dos fundadores da Frente Nacional para a Defesa da Cultura (FDNC). E constituiu a Fundação José Saramago para a Defesa e difusão da Declaração Universal dos Direitos Humanos e dos problemas do meio ambiente.

Uma Jornada Literária

José de Sousa Saramago, um dos mais célebres escritores portugueses, iniciou sua jornada literária aos 25 anos com a publicação de seu primeiro romance, “Terra do Pecado”, em 1947. Na época, Saramago era funcionário público e casado com Ilda Reis, com quem teve uma filha, Violante dos Reis Saramago. Posteriormente, viveu com a escritora Isabel da Nóbrega entre 1970 e 1986, antes de se casar com a jornalista e tradutora espanhola María del Pilar del Río Sánchez em 1988.

Saramago, que também trabalhou como tradutor para aumentar seus rendimentos, traduziu obras de Hegel, Tolstói e Baudelaire, entre outros. Após a publicação de “Terra do Pecado”, Saramago apresentou ao seu editor o livro “Clarabóia”, que permaneceu inédito até 2011 após ser rejeitado. No entanto, Saramago persistiu em seus esforços literários e, 19 anos depois, lançou “Os Poemas Possíveis”, trocando a prosa pela poesia.

Durante sua carreira, Saramago trabalhou no Diário de Notícias (DN) e no Diário de Lisboa. Em 1975, retornou ao DN como Diretor-Adjunto, onde permaneceu por dez meses, até 25 de Novembro do mesmo ano, quando os militares portugueses intervêm na publicação. Demitido, Saramago decidiu dedicar-se apenas à literatura.

Saramago é conhecido por seus romances, que são considerados os responsáveis por fazer dele um dos autores portugueses de maior destaque. Três décadas após a publicação de “Terra do Pecado”, Saramago retornou ao mundo da prosa ficcional com “Manual de Pintura e Caligrafia”. No entanto, foi com “Levantado do Chão” (1980) que o autor definiu seu estilo, retratando a vida de privações da população pobre do Alentejo.

Em 1982, Saramago publicou “Memorial do Convento”, um romance que conquistou definitivamente a atenção de leitores e críticos. Nele, Saramago misturou fatos reais com personagens inventados, servindo de metáfora à medida da luta de classes marxista. De 1980 a 1991, o autor publicou mais quatro romances que remetem a fatos da realidade material, problematizando a interpretação da “história” oficial. Entre eles estão “O Ano da Morte de Ricardo Reis” (1985), “A Jangada de Pedra” (1986), “História do Cerco de Lisboa” (1989).

O Fim de uma Era e o Legado de uma Lenda

O aclamado escritor português José Saramago faleceu em 18 de junho de 2010, aos 87 anos, em sua casa em Lanzarote, onde residia com sua esposa Pilar del Rio. Saramago, que lutava contra a leucemia crônica, teve seu estado de saúde agravado em sua última semana de vida. Seu funeral, que contou com honras de Estado, ocorreu no Cemitério do Alto de São João, em Lisboa, onde seu corpo foi cremado. Em 18 de junho de 2011, as cinzas do escritor foram depositadas aos pés de uma oliveira em Lisboa.

Saramago era conhecido por seu estilo oral único, que ecoava os contos de tradição oral populares, onde a vivacidade da comunicação é mais importante do que a correção ortográfica de uma linguagem escrita. Ele utilizava frases e períodos longos, empregando a pontuação de maneira não convencional. Os diálogos de suas personagens eram inseridos nos próprios parágrafos que os antecediam, de forma que não existiam travessões em seus livros. Este estilo proporcionava uma forte sensação de fluxo de consciência, levando o leitor a questionar se um determinado diálogo era real ou apenas um pensamento.

Essas características tornaram o estilo de Saramago único na literatura contemporânea, sendo considerado por muitos críticos um mestre no tratamento da língua portuguesa. Em 2003, o crítico norte-americano Harold Bloom, em seu livro “Genius: A Mosaic of One Hundred Exemplary Creative Minds”, considerou José Saramago “o romancista mais talentoso vivo naqueles dias”, referindo-se a ele como “o Mestre”. Bloom também declarou que Saramago era “um dos últimos titãs de um gênero literário que está se desvanecendo”.

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João Oscar

João Oscar é jornalista militante de direitos humanos da Baixada e colaborador da ComCausa