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Memória: Lima Barreto a negra voz da literatura

Afonso Henriques de Lima Barreto, mais famoso como Lima Barreto, nasceu de Joaquim Henriques de Lima Barreto, um tipógrafo, e Amália Augusta, uma professora primária. Ambos eram mestiços e enfrentaram desafios desde cedo, com a mãe falecendo precocemente e o pai sofrendo de doença mental.

Lima Barreto, apadrinhado pelo Visconde de Ouro Preto, frequentou o prestigioso Colégio Pedro II. Mais tarde, ingressou na Escola Politécnica do Rio de Janeiro para estudar Engenharia, mas teve que abandonar o curso para sustentar seus irmãos devido à doença mental de seu pai.

Em 1909, Lima Barreto deu início à sua carreira literária com a publicação do romance “Recordações do Escrivão Isaías Caminha”. Sua obra mais renomada, “Triste Fim de Policarpo Quaresma”, viu a luz do dia em 1915. Suas obras são notáveis por sua crítica à sociedade carioca e à mentalidade burguesa da época.

Além de seu trabalho como escritor, Lima Barreto também se envolveu no jornalismo, contribuindo com uma série de reportagens para o “Correio da Manhã” em 1905 e fundando a revista “Floreal” em 1907.

O legado de Lima Barreto perdura até hoje, com sua obra mantendo-se uma referência importante na literatura brasileira, especialmente devido à sua perspectiva crítica e realista da sociedade brasileira no início do século XX.

A contribuição de Lima Barreto à literatura brasileira é inestimável, pois suas representações realistas e críticas da sociedade da época ainda ressoam com força. Sua escrita é profundamente enraizada nas questões políticas e sociais que permearam a República Velha, nas cicatrizes deixadas por mais de três séculos de escravidão e no elitismo que caracterizava o meio literário brasileiro.

Lima Barreto destacou-se como um dos raros escritores de seu tempo a combater o preconceito racial e a discriminação social enfrentada por negros e mulatos. Ele utilizou suas palavras como uma arma para expor as desigualdades sociais e a questão racial. Além disso, a obra de Lima Barreto oferece um panorama diversificado e complexo do povo brasileiro, revelando sua identidade cultural e suas lutas sociais. Ele examinou os cenários e costumes do Rio de Janeiro e lançou uma crítica contundente à mentalidade burguesa da época.

Assim, a influência de Lima Barreto transcende a esfera literária, pois ele usou sua escrita como um instrumento para desafiar as normas sociais e raciais de sua época, tornando-se uma voz relevante na literatura brasileira.

Entre suas obras mais notáveis estão:

  1. “Recordações do Escrivão Isaías Caminha” (1909)
  2. “Triste Fim de Policarpo Quaresma” (1911)
  3. “Numa e a Ninfa” (1915)
  4. “Vida e Morte de M. J. Gonzaga de Sá” (1919)
  5. “Os Bruzundangas” (1923)
  6. “Clara dos Anjos” (1948)
  7. “Diário Íntimo” (1953)

Essas obras são reconhecidas por suas representações realistas e críticas da sociedade brasileira no início do século XX, e a escrita de Lima Barreto desempenhou um papel fundamental em desafiar preconceitos raciais e questões sociais de sua época.

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João Oscar

João Oscar é jornalista militante de direitos humanos da Baixada e colaborador da ComCausa