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Luiz Gama de escravizado a advogado abolicionista

Luiz Gama nasceu no dia 21 de junho de 1830 em Salvador, Bahia, foi um importante líder abolicionista, jornalista e poeta brasileiro. É o patrono da cadeira n. º 15 da Academia Paulista de Letras. A história de Luiz Gama é uma das biografias de 21 personalidades negras muito importantes da história.

Filho de um fidalgo de origem portuguesa (cujo nome jamais citou) e da escrava livre Luiza Mahin que, segundo ele, participou da revolta do Malês em 1835 e da Sabinada em 1837 e, como consequência teve que fugir para o Rio de Janeiro, deixando o filho aos cuidados do pai.

Em 1840, com 10 anos, Luiz Gama foi levado, por seu pai, para o Rio de Janeiro e vendido ao negociante e alferes Antônio Pereira Cardoso, para pagar uma dívida de jogo. Pelo fato de ser baiano, que tinha fama de insubordinado, o comerciante não conseguiu vendê-lo e o levou para sua fazenda no município de Limeira.

Antônio Rodrigues do Prado, um hóspede da fazenda de seu pai, lhe ensinou a ler e escrever quando tinha 17 anos, o que o levou a enteder que sua situação era ilegal, uma vez que sua mãe era livre, Luiz fugiu para a cidade de São Paulo e conquistou a alforria na justiça. Nesse mesmo ano, alistou-se na Força Pública da Província.

Luiz Gama em 1850 se casou com Claudina Gama e tiveram um filho, no mesmo ano ele tentou ingressar no curso de Direito do Largo de São Francisco, mas a faculdade recusou sua inscrição porque era negro, ex-escravo e pobre. Mesmo sendo hostilizado pelos professores e alunos ele assistia as aulas como ouvinte, o que viria a lhe permitir atuar na defesa jurídica dos escravos.

Chegou a ficar 39 dias preso, após uma insubordinação na Força Pública em 1854, dois anos depois se tornou escriturário da Secretaria de Polícia da Província de São Paulo.

Como Jornalista inaugurou a imprensa humorística paulista ao fundar o jornal Diabo Coxo, junto com o ilustrador Ângelo Agostini, e para facilitar o maior acesso a informação dos iletrados, passou a usar caricaturas que ilustravam as reportagens dos fatos cotidianos da conjuntura social, política e econômica. Em 1869, junto com Rui Barbosa, fundou o Jornal Paulistano. Colaborou com diversos jornais progressistas, entre eles, Ipiranga e A República.

De escravizado a advogado abolicionista Luiz Gama esteve sempre envolvido nos movimentos contra a escravidão, tornando-se um dos maiores líderes abolicionistas do Brasil. Em 1873 participou da Convenção de Itu, que criou o Partido Republicano Paulista. Em 1880, foi o líder da Mocidade Abolicionista e Republicana.

Com a ajuda da maçonaria ao qual era membro, e ajudado financeiramente, Luiz Gama trabalhou na defesa dos negros escravizados exercendo a profissão de “rábula” (nome dado aos advogados sem título acadêmico, por meio de uma licença especial, o provisionamento). Ciente de que naquele espaço dominado por fazendeiros e senhores de escravos suas ideias abolicionistas não receberiam apoio, passou a denunciá-los e condená-los de todas as formas.

Nos tribunais, Luiz Gama usava uma oratória impecável e com seus conhecimentos jurídicos defendia os escravos que podiam pagar pela carta de alforria, mas eram impedidos da liberdade por seus donos. Defendeu os escravos que entraram no território nacional após a proibição do tráfico negreiro de 1850.

Em 1872, Luiz Gama ganhou uma ação para libertar 217 escravos no Supremo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, última instância do Poder Judiciário no tempo do Brasil Imperial.

Luiz Gama faleceu em São Paulo, no dia 24 de agosto de 1882, aos 52 anos, por complicações da diabetes.

Em 2015, a Ordem dos Advogados do Brasil o reconheceu como advogado, corrigindo uma injustiça cometida ao recusar a inscrição do jovem negro. Em 2017 Luiz Gama foi homenageado quando uma das salas da instituição recebeu o seu nome.

Em 2021, aconteceu o lançamento do filme Doutor Gama, que conta a história do personagem desde a infância até sua consagração como advogado abolicionista, que segundo pesquisas recentes, libertou mais de 700 escravos

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João Oscar

João Oscar é jornalista militante de direitos humanos da Baixada e colaborador da ComCausa