Campanhas

Memória: Chorão líder do Charlie Brown Jr

No dia 06 de março de 2013 nos despedíamos de Alexandre Magno Abrão, ou como nos acostumamos a chamar, Chorão. Cantor, compositor, skatista, cineasta, roteirista empresário e músico brasileiro. Encantou uma geração a frente da banda santista Charlie Brown Jr., formada em 1992 junto com Renato Pelado, Marcão, Champignon e Thiago Castanho, sendo o único integrante a participar de todas as formações.

Com o Charlie Brown, lançou dez discos, que venderam mais de cinco milhões de cópias. Uma infância marcada pelos problemas com a polícia e o desinteresse pela escola, parando de estudar a sétima série, aos 14 anos, sua mãe sofreu um derrame e quase faleceu ela fazia pasteis para ele entregar.

“Seu pai não tinha dinheiro, queria ajudar, mas não tinha dinheiro, sua mãe era doente (sofreu um derrame na década de 1980), não tinha condição de estudar, não conseguia emprego fixo por não ter se formado em nada, tinha um filho. Então tinha que fazer alguma coisa da sua vida.”

Em meados de 2000, Chorão perdeu o pai.

“ Passei por várias dificuldades neste ano, desde financeiras… , eu perdi meu pai… , e você tem que tentar lidar com isso numa boa, até você aceitar rola uma mudança, uma metamorfose. ”

A banda, compreendendo a perda de Alexandre, decide por um hiato. A morte de seu pai quase levou-no a deixar a banda, sendo perceptível nas letras de “Ouviu-se falar” e “Talvez a metade do caminho”. Levou seis meses até que Chorão, desengrenhado e com 20 kg a mais, sedentário e desmotivado, conseguisse se reerguer. Durante o mesmo tempo os demais integrantes, Champignon, Thiago Castanho, Marcão e Renato Pelado continuaram estudando e praticando música.

Com 21 anos, foi convidado a integrar uma banda com Champignon chamada What’s Up, acabou não dando certo, então montou o Charlie Brown Jr.. Roteirizou o filme O Magnata e lançou suas marcas de roupas, a DO.CE. e La Plata. Faleceu no dia 6 de, em São Paulo, aos 42 anos, vítima de uma overdose de cocaína, por conta da depressão.

Fundei e batizei a banda com esse nome em 1992. Foi uma coisa inusitada. Trombei (literalmente) com uma barraca de água de coco que tinha o desenho do Charlie Brown, aquele personagem do Charles Schulz, mais conhecido por ser o dono do Snoopy. E o “Jr” é pelo fato de sermos filhos do rock.

Com dificuldades relativas a seu emprego, Chorão foi despejado seguidas vezes, tendo de conseguir dinheiro para alugar apartamentos temporários, de maneira que pagava os primeiros três meses e ficava até ser despejado. o que serviu de inspiração para a composição “Confisco”.

Uma de suas grandes paixões era o Skate, seu primeiro skate foi feito com um shape velho e rodas de patins, Seu primeiro skate foi feito com um shape velho e rodas de patins, montado por conhecidos mais velhos. Teria começado a praticar o esporte com um grupo do Ibirapuera. No começo só queria fazer parte do grupo, mas após um ano já competia, alcançando o segundo lugar. Geralmente, estava sempre entre os três, quatro ou cinco primeiros, mesmo com um tênis inferior. Correu num Brasileiro no Sul e passou em primeiro em um dos dias, em outro dia chegou em terceiro porque tinha saído na noite anterior para comemorar.

Pensava mais na diversão, no freestyle; um estilo de vida descontraído, sem apego a estabelecer-se fixamente em algum lugar ou à estabilidade profissional. Sua vida mudaria em 1989, com uma interrupção nas atividades de skate porque não tinha tênis para poder praticar e devido ao nascimento de seu filho, o que fez Chorão começar a trabalhar.

No ano da sua morte, um disco de inéditas póstumo, teve seu streaming disponibilizado. La Família 013 traz 13 faixas, duas compostas em parceria com Champignon e três com o guitarrista Marcão. E o primeiro clipe do disco é Um Dia a Gente se Encontra, dirigido por Alexandre Abrão, filho de Chorão. O vídeo tem participações de músicos e amigos como Marcelo Nova, Marcelo D2 e Supla.

Assista o clipe:

| Editoria Virtuo Comunicação

| Projeto Comunicando ComCausa

| Portal C3 | Instagram C3 Oficial

João Oscar

João Oscar é jornalista militante de direitos humanos da Baixada e colaborador da ComCausa