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Missa e caminhada marcaram os 30 anos da chacina da Candelária

Centenas de pessoas, incluindo autoridades parlamentares, representantes dos três poderes e movimentos sociais, lotaram a Igreja da Candelária na manhã desta segunda-feira (24) para participar de uma emocionante vigília em memória aos oito jovens assassinados há 30 anos. O crime, conhecido como “Chacina da Candelária”, marcou profundamente a cidade do Rio de Janeiro e o país, e suas marcas ainda são sentidas até hoje.

Os eventos em memória às vítimas, promovidos pelo movimento “Candelária nunca mais“, tiveram início nesta sexta-feira e seguiu até domingo, quando a chacina completou três décadas, culminando na atividade de hoje. O ato começou com uma comovente missa na igreja da Candelária, localizada em frente ao espaço onde os jovens em situação de rua foram brutalmente executados por policiais militares em 1993. Após a cerimônia religiosa, os participantes saíram em marcha pela Avenida Rio Branco, em um ato simbólico pela paz, que culminou em frente à Câmara de Vereadores da cidade do Rio de Janeiro, na Praça Cinelândia. O clamor por justiça e o fim da violência ressoou pelas ruas da cidade, enquanto todos se uniam para relembrar e honrar a memória dos jovens que perderam suas vidas de forma tão trágica.

Presente na cerimônia, o fundador da OSC ComCausa, Adriano Dias, que tem acompanhado de perto a luta pelos direitos humanos desde aquele fatídico acontecimento, destacou a importância de manter viva a memória de casos como a Chacina da Candelária.

Adriano ressaltou que “a falta de se fazer memória pode abrir espaço para a repetição de situações tão trágicas e que é necessário continuar lutando para evitar que a história se repita”.

Dentre os presentes, estava também Marinete Franco, mãe de Marielle Franco, que também foi brutalmente assassinada. A prisão de mais um dos acusados envolvidos na morte de sua filha trouxe novamente a imprensa à procura de palavras da mãe enlutada, que participou da vigília em solidariedade às famílias das vítimas da Chacina da Candelária.

Representantes de diversas religiões e dos poderes legislativo, judiciário e executivo estiveram presentes, incluindo figuras como o desembargador Siro Darlan, a vereadora Mônica Cunha e Ernesto Braga, coordenador geral dos Direitos Humanos da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social (SMDS) da prefeitura do Rio de Janeiro.

Relembre o caso

A Chacina da Candelária foi um dos episódios mais sombrios da história recente do Rio de Janeiro. Os oito menores, com idades entre 11 e 19 anos, foram vítimas de uma violência brutal perpetrada por policiais militares. A revolta e a dor causadas por esse evento marcaram a cidade, mas, infelizmente, a justiça não foi plenamente feita. Os policiais condenados pelos assassinatos cumpriram apenas uma fração de suas penas, o que causa indignação entre os movimentos sociais e a sociedade em geral.

O movimento “Candelária nunca mais” e outras organizações da sociedade civil estão empenhados em manter viva a memória dessa tragédia, lutando por justiça e por um futuro onde crianças e adolescentes não sejam vítimas de tamanha violência. Relembrar a Chacina da Candelária é uma forma de honrar aqueles que perderam suas vidas e de fortalecer o compromisso com a construção de uma sociedade mais justa, igualitária e pacífica.

Esquecer é permitir que a história se repita

Em sua rede social, Adriano Dias, da OSC ComCausa, publicou: “A memória é um instrumento poderoso para evitar que novas tragédias aconteçam, e é com essa força que os movimentos sociais e a sociedade como um todo seguem lutando, para que um dia seja possível afirmar com certeza: ‘Candelária, nunca mais’. Esquecer é permitir acontecer… novamente. Esquecer é permitir que a história se repita”.

Chacina da Candelária Completa 30 anos

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Débora Barroso

Jornalista comunitária e colaboradora da ComCausa.