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18 anos sem Rosa Parks

Rosa Parks foi uma ativista negra norte-americana, símbolo do movimento dos direitos civis dos negros nos Estados Unidos. No dia 1º de dezembro de 1955, Rosa se negou a ceder a um branco o seu assento num ônibus. O ato foi um marco no movimento antirracista e foi o estopim do movimento que foi denominado Boicote aos Ônibus de Montgomery e posteriormente viria a marcar o início da luta antissegregacionista.

Após sua participação em Montgomery, Rosa Parks mudou para Detroit, onde encontrou emprego como secretária do congressista negro John Conyers. Ela ocupou esse cargo até 1988, quando finalmente se aposentou. Durante as décadas de 1960, 1970 e 1980, o contínuo progresso envolveu-se nos movimentos em prol dos direitos dos afro-americanos.

Rosa Parks recebeu inúmeras homenagens ao longo de sua vida devido à importância de seu ativismo em defesa da comunidade afro-americana e sua luta contra o racismo. Uma das homenagens mais significativas aconteceu em junho de 1999, quando foi condecorada com a Medalha de Ouro do Congresso dos Estados Unidos, concedida pelo governo de Bill Clinton, em reconhecimento ao seu papel fundamental.

Em 2002, Rosa Parks foi acionada com demência, e em 24 de outubro de 2005, faleceu em sua residência em Detroit devido a causas naturais. É importante mencionar que ela nunca teve filhos.

Boicote aos ônibus de Montgomery

Rosa Parks tomou um desses ônibus a caminho do trabalho para casa e sentou-se num dos lugares situados ao meio do ônibus. Quando o motorista – branco – exigiu que ela e outros três negros se levantassem para dar lugar a brancos que haviam entrado no ônibus, Parks se negou a cumprir a ordem. Em Montgomery, capital do Alabama, as primeiras filas dos ônibus eram, por lei, reservadas para passageiros brancos. Atrás vinham os assentos nos quais os negros podiam sentar-se. Rosa Parks continuou sentada e, por isso, foi detida e levada para a prisão.

O protesto silencioso de Rosa Parks propagou-se rapidamente. O Conselho Político Feminino organizou, a partir daí, um boicote de ônibus urbanos, como medida de protesto contra a discriminação racial no país. Martin Luther King Jr. foi um dos que apoiaram a ação. O ativista e músico Harry Belafonte lembra-se como sua vida mudou, após o dia em que King o chamou por telefone para pedir apoio à ação da mulher que ficou conhecida como a “mãe dos movimentos pelos direitos civis” nos EUA.

“A atitude de Rosa Parks nos permitiu reagir contra as pressões política e social que caracterizavam nossa sociedade. Quando King me telefonou, me chamando para um encontro, comecei, pela primeira vez, a lutar oficialmente por essa causa. Quando nós nos vimos e falamos sobre seus planos, percebi que a partir dali eu me engajaria no movimento liderado por ele e Rosa Parks. Foi um momento muito importante”, lembrou Belafonte.

Música e agressão

Poucos dias depois da atitude espontânea de Parks, milhares de negros se recusaram a tomar ônibus a caminho do trabalho. Enquanto as empresas de transporte coletivo começaram a ter prejuízos cada vez maiores, os negros andavam – caminhando muitas vezes vários quilômetros – acenando e cantando pelas ruas, sendo também frequentemente xingados e agredidos por brancos.

O boicote contou com o apoio de várias personalidades conhecidas, como a cantora de gospel Mahalia Jackson, que fez uma série de shows beneficentes para ajudar os ativistas do movimento que se encontravam presos. “Não seria honesto omitir que fiquei extremamente feliz por ser a primeira cantora de gospel a se apresentar no Carnegie Hall, em Nova York, e no Albert Hall, na Inglaterra. A verdadeira sorte para mim, no entanto, é poder cantar nas prisões para os que se encontram isolados do mundo”, declara Jackson.

Medalha do Congresso

No dia 13 de novembro de 1956, a Corte Suprema norte-americana aboliu a segregação racial nos ônibus de Montgomery. Poucas semanas mais tarde, a nova lei entrou em vigor em Montgomery. Em 21 de dezembro de 1956, Martin Luther King e Glen Smiley, sacerdote branco, entraram juntos num ônibus e ocuparam lugares na primeira fila.

Em junho de 1999, o então presidente Bill Clinton condecorou Rosa Parks, então com 88 anos, com a medalha de ouro do Congresso norte-americano. Durante a cerimônia da condecoração, Clinton acentuou que Parks foi capaz de lembrar aos EUA que a promessa de liberdade vinha sendo apenas uma ilusão para milhares de cidadãos do país. Em seu discurso de agradecimento, Parks ressaltou que a homenagem deveria servir para encorajar todos os que lutam pela igualdade de direitos em todo o mundo.

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João Oscar

João Oscar é jornalista militante de direitos humanos da Baixada e colaborador da ComCausa

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