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A epidemia de violência: Mortes de Jennifer Carvalho e Aline Ferreira

O estado do Rio de Janeiro está mais uma vez mergulhado em uma epidemia devastadora de violência, uma situação que clama por um olhas das origens subjacentes. Nos últimos dias, duas mortes capturaram a atenção, lançando uma luz sombria sobre o panorama em que estamos inseridos: as trágicas perdas de Jennifer Carvalho e Aline Ferreira. Embora tenham ocorrido em contextos distintos, essas tragédias ressaltam a convergência de forças, circunstâncias e fatores que têm agravado essa epidemia de violência em nosso estado.

Jennifer Carvalho, uma jovem de apenas 19 anos, foi mais uma entre as muitas mulheres jovens que tiveram suas vidas tragicamente interrompidas, suscitando questionamentos sobre a persistência da violência de gênero. As suspeitas de envolvimento de seu parceiro na morte expõem a assustadora realidade enfrentada por mulheres em seus relacionamentos. Além dos fatores históricos que persistem, observamos nos últimos anos movimentos de extrema direita que têm contribuído para a normalização e banalização da violência de gênero, criando um ambiente onde a agressão contra mulheres é tolerada.

Por sua vez, Aline Ferreira, com 35 anos, que estava retornando para casa após mais um dia de trabalho no ultimo fim de semana quando foi atingida por uma bala na região do Buraco do Boi, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. Sua morte expõe as consequências devastadoras provenientes da guerra às drogas descontrolada. O tráfico de entorpecentes tem funcionado como um motor da violência, frequentemente gerando confrontos armados que resultam na morte de vítimas inocentes, como Aline. É vital, entretanto, reconhecer que a estrutura do tráfico transcende a mera rivalidade entre gangues, estendendo-se até o âmbito político e institucional por meio de uma intrincada rede de relações.

Além disso, não podemos deixar de mencionar que nos últimos meses inúmeras vidas jovens foram perdidas. Somente na cidade do Rio de Janeiro e Região Metropolitana, já contabilizamos 24 menores vítimas de armas de fogo em 2023.

Há algum tempo, os jovens vêm sendo as principais vítimas dessa epidemia de violência, enfrentando mortes prematuras e tendo suas oportunidades de um futuro promissor roubadas. Sei que esta realidade não é nova e quase soa redundante, mas é crucial que medidas urgentes sejam tomadas para reverter esse quadro. Isso envolve não apenas a adoção de ações enérgicas contra o tráfico e a corrupção, mas também o estímulo à promoção de uma educação que cultive a igualdade de gênero e valorize a sacralidade da vida humana.

As trágicas mortes de Jennifer Carvalho e Aline Ferreira reforçam de maneira dolorosa a urgência de enfrentar a epidemia de violência que assola o Rio de Janeiro. Somente por meio de esforços conjuntos, com a participação ativa da sociedade civil, autoridades e legisladores, poderemos almejar a construção de um ambiente mais seguro e justo para todos os habitantes do nosso estado, especialmente para os jovens que merecem vislumbrar um horizonte repleto de esperança e oportunidades.

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Adriano Dias

Jornalista militante e fundador da #ComCausa