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Movimento Negro Unificado convida a todos para o ato de homenagem ao Almirante Negro

Neste dia 13 de maio, o Movimento Negro Unificado do Estado do Rio de Janeiro convoca a todos os movimentos para um ato de homenagem a um dos grandes heróis da história brasileira: João Cândido, o Almirante Negro. Esta é também uma oportunidade para manifestar o repúdio à Marinha do Brasil.

A carta, assinada pelo comandante Marcos Sampaio Olsen, diz que:

“A Força Naval não reconhece a atuação de João Cândido Felisberto na Revolta dos Marinheiros como um exemplo de heroísmo e patriotismo, mas sim como um flagrante de conduta reprovável para o povo brasileiro”.

O comandante classifica a Revolta da Chibata como “subversiva” e uma “ruptura dos preceitos constitucionais que organizam as Forças Armadas”. Ele argumenta que houve desrespeito à hierarquia e à disciplina, além de mencionar que inocentes morreram no episódio. Embora reconheça a necessidade de acabar com os castigos corporais, Olsen alega que os marinheiros estavam buscando “vantagens corporativas e ilegítimas”. A Marinha argumenta que incluir João Cândido no livro poderia passar a mensagem errada à sociedade e aos militares atuais, de que é aceitável recorrer às armas para reivindicar direitos.

A História de João Cândido

João Cândido Felisberto ficou conhecido como o Almirante Negro devido à sua liderança na Revolta da Chibata, um dos episódios mais marcantes da luta pela abolição da escravidão no Brasil. Em novembro de 1910, cansado dos constantes castigos impostos fiscais pelos oficiais da Marinha, João Cândido liderou uma revolta a bordo do encorajado Minas Gerais

Nascido em 24 de junho de 1880, em Guaratinguetá, São Paulo, João Cândido Felisberto entrou para a história como um dos maiores símbolos de resistência e luta contra a opressão no Brasil. Filho de um marinheiro, desde cedo ele se viu envolvido com o mar e com a Marinha do Brasil.

A carreira de João Cândido na Marinha começou em 1894, aos 14 anos de idade, quando ingressou na Escola de Aprendizes-Marinheiros. Sua trajetória foi marcada por dedicação e competência, alcançando o posto de grumete, o mais alto da hierarquia para um marinheiro negro na época.

Entretanto, foi dentro das entranhas dos navios de guerra que João Cândido testemunhou e sofreu as mais cruéis práticas de punição. A bordo dos encouraçados da Marinha, a chibata era a ferramenta de disciplina mais comum, uma herança dos tempos da escravidão. Os marinheiros negros, em especial, eram frequentemente alvos desse castigo desumano, que deixava marcas físicas e psicológicas profundas.

A Revolta da Chibata: Um Grito por Justiça

O estopim para a revolta liderada por João Cândido aconteceu em 22 de novembro de 1910, a bordo do encouraçado Minas Gerais. Cansados das constantes agressões e humilhações, os marinheiros, sob a liderança de João Cândido, se rebelaram contra a brutalidade dos oficiais.

Com sua habilidade de liderança e sua coragem inabalável, João Cândido assumiu o comando da revolta. O levante se estendeu para outros navios da Marinha, resultando na Revolta da Chibata, um dos movimentos mais significativos da história do Brasil.

O Legado de João Cândido

A Revolta da Chibata não apenas marcou o fim da prática desumana da chibata na Marinha brasileira, mas também trouxe à tona as injustiças e desigualdades enfrentadas pelos marinheiros negros. João Cândido tornou-se um símbolo de resistência, coragem e luta pela igualdade.

Após a revolta, João Cândido e seus companheiros foram julgados, mas a pressão popular e a comoção internacional pela causa dos marinheiros fizeram com que fossem anistiados. Porém, a vida de João Cândido não foi fácil após a revolta. Ele enfrentou dificuldades financeiras e problemas de saúde.

Em 1969, aos 89 anos, João Cândido faleceu, deixando um legado de coragem e determinação. Sua luta inspirou gerações de brasileiros na busca por justiça e igualdade. Hoje, João Cândido é lembrado como um herói do povo brasileiro, um símbolo de resistência e dignidade.

Local: Rua Turmalina, 1850 – Coelho da Rocha
Data: 13 de maio
Horário: 9h

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Adriano Dias

Jornalista militante e fundador da #ComCausa