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Movimentos convocam ato contra a Ditadura em frente ao prédio do DOPS do Rio

Nesta segunda, dia 01 de abril, completam-se 60 anos desde o golpe de Estado que instaurou a ditadura empresarial-militar no Brasil. Para marcar essa data histórica e reafirmar o compromisso com a Memória, Verdade e Justiça, diversas organizações, partidos políticos, mandatos populares, movimentos sociais e entidades da sociedade civil convocam a população a participar de um ato em memória das vítimas da ditadura e em defesa da democracia.

Sob a consigna “Sem anistia para os golpistas de 1964 e do 8 de janeiro!”, os organizadores do evento reforçam a necessidade de responsabilização dos agentes que perpetraram crimes contra a humanidade durante o regime autoritário. Entre as demandas centrais do ato estão a imediata reinstalação da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos e a transformação do prédio do antigo Departamento de Ordem Política e Social (DOPS) num espaço de memória, como forma de preservar a história e alertar as gerações futuras sobre os horrores do passado.

Além disso, o ato visa denunciar a persistência da violência policial e do genocídio negro nas favelas, clamando pelo fim dessas práticas que violam os direitos humanos e perpetuam a desigualdade social. Os manifestantes também exigem a abertura de todos os arquivos da ditadura, especialmente os militares, como forma de garantir o acesso à verdade e à justiça para as vítimas e seus familiares.

Outra pauta importante é o cumprimento das sentenças da Corte Interamericana de Direitos Humanos nos casos Araguaia e Herzog, garantindo a reparação às vítimas e o reconhecimento oficial dos crimes cometidos pelo Estado durante o regime ditatorial.

O ato, que terá início às 15h, contará com uma concentração no antigo prédio do DOPS, local emblemático da repressão política no período da ditadura. A expectativa dos organizadores é de uma grande mobilização popular, marcando o repúdio à violência do passado e do presente, e reafirmando o compromisso com a construção de políticas de memória, verdade, justiça e reparação.

Diante dos desafios enfrentados pela democracia brasileira, é fundamental que a sociedade se una em defesa dos valores democráticos e dos direitos humanos, honrando a memória das vítimas da ditadura e lutando por um futuro mais justo e igualitário para todos e todas.

Serviço: Dia 01 de abril, segunda | Horário: 15h | Local: Concentração no antigo prédio do DOPS | Rua da Relação 40, na Lapa – Centro – Rio de Janeiro

Um marco de repressão ao longo do século XX

O edifício que outrora abrigou o Departamento de Ordem Política e Social (DOPS) no Rio de Janeiro carrega consigo uma história intrincada, permeada por diversos períodos de repressão ao longo do século XX. Desde a perseguição à prática da capoeira e às religiões afro-brasileiras até o regime do Estado Novo, suas paredes testemunharam momentos sombrios da história brasileira. Inaugurado em 1910 com uma arquitetura imponente de estilo eclético europeu, o prédio buscava conferir modernidade à repartição central de polícia.

Nos primeiros decênios do século, o local destacou-se como um dos principais centros de repressão, marcando presença na perseguição à capoeira, às religiões afro-brasileiras e à chamada “vadiagem”, criminalizada pelo Código Penal de 1890. Posteriormente, durante o Estado Novo, o endereço transformou-se na sede da Delegacia Especial de Segurança Política e Social, tornando-se um dos pilares do aparato repressivo do governo Getúlio Vargas.

O prédio abrigou presos ilustres como Luis Carlos Prestes e Olga Benario, esta última deportada e entregue ao regime nazista de Hitler, onde encontraria seu trágico destino em um campo de concentração.

A atual proposta para o espaço não é transformá-lo em um mero museu, mas sim convertê-lo em um centro dedicado a debates e reflexões críticas sobre os períodos de repressão da história brasileira. Esse plano de uso foi elaborado por meio de sessões participativas com a sociedade civil, incluindo organizações como o CRDH ComCausa, e apresentado em uma audiência pública na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro em 2014.

MPF propõe transformação do antigo prédio do DOPS do Rio em espaço de memória

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Adriano Dias

Jornalista militante e fundador da #ComCausa