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Memória: Nascimento de Carlos Drummond de Andrade

Carlos Drummond de Andrade, o renomado poeta, farmacêutico, contista e cronista, deixou este mundo aos 84 anos . Nascido em Itabira, Minas Gerais, em 31 de outubro de 1902, ele é lembrado por muitos como o mais influente poeta brasileiro do século XX.

Drummond foi uma figura proeminente na segunda geração do modernismo brasileiro, embora sua vasta obra transcendesse as fronteiras de movimentos literários específicos. Seus temas literários abraçaram uma amplitude notável, explorando questões que variavam desde as mais profundas inquietações existenciais, como o significado da vida e da morte, até considerações sobre o cotidiano, a família e a política, incluindo o socialismo. Drummond sempre manteve um diálogo constante com as tradições literárias de sua época, enquanto também experimentava com novas abordagens estilísticas.

A cidade de Itabira, onde nasceu Carlos Drummond de Andrade, desempenhou um papel significativo em sua vida e obra. As memórias dessa cidade permearam muitos de seus escritos, proporcionando uma base rica para sua expressão literária. Sua linhagem familiar, tanto do lado materno quanto paterno, estava profundamente enraizada no Brasil, com raízes que remontavam à origem escoto-madeirense.

A busca pelo conhecimento levou Drummond a estudar no Colégio Arnaldo, em Belo Horizonte, e no Colégio Anchieta, desligar pelos jesuítas, em Nova Friburgo. Ele obteve seu diploma em farmácia na Universidade Federal de Minas Gerais, onde, junto com Emílio Moura e outros companheiros, fundou a notável revista “A Revista”, que desempenhou um papel fundamental na divulgação das ideias modernistas no Brasil.

Carlos Drummond de Andrade deixou um legado literário literário que continua a inspirar e encantar leitores em todo o mundo. Sua escrita multifacetada, que muitas vezes incorporou o dialeto mineiro, reflete a diversidade e profundidade da experiência humana, tornando-o uma figura icônica da literatura brasileira e um poeta cuja influência transcendeu as barreiras do tempo.

Um Poeta que Desafiou Limites

Carlos Drummond de Andrade, um dos mais renomados poetas brasileiros do século XX, deixou uma marca indelével na literatura nacional. Sua trajetória literária é marcada por uma série de acontecimentos e influências que moldaram sua carreira de forma distinta.

Em 1930, no mesmo ano em que lançou a sua primeira obra poética intitulada “Alguma poesia”, o poema “Sentimental” foi recitado na conferência “Poesia Moderníssima do Brasil”, realizada durante o curso de férias da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. O evento foi conduzido pelo Dr. Manoel de Souza Pinto, professor da Cadeira de Estudos Brasileiros, e se encaixou na estratégia de difusão da literatura brasileira nas universidades portuguesas.

Na década de 1940, Drummond ingressou no Partido Comunista Brasileiro (PCB) e chegou a dirigir um jornal do partido no Rio de Janeiro. Nesse período, ele realizou uma entrevista com o líder do partido, Luis Carlos Prestes, que estava na prisão. Além disso, a sua colaboração foi notável em publicações como o semanário “Mundo Literário” (1946-1948) e na revista luso-brasileira “Atlântico”.

Carlos Drummond de Andrade, ao longo de grande parte de sua vida, desempenhou a função de funcionário público. No entanto, sua paixão pela escrita o acompanhou desde cedo e persistiu até seu falecimento em 1987, ocorrido no Rio de Janeiro, apenas doze dias após a morte de sua filha. Além de sua extensa obra poética, Drummond também produziu livros infantis, contos e crônicas. Sua morte foi devido a um infarto do miocárdio e insuficiência respiratória.

No que diz respeito ao seu estilo literário, Carlos Drummond de Andrade seguiu os passos dos modernistas, incorporando a proposta de liberdade de Mário de Andrade e Oswald de Andrade, incluindo a utilização do verso livre, o que mostrou que a poesia não estava mais restrita a um metrô fixo. Sua abordagem poética é frequentemente comum como parte da corrente mais objetiva e concreta do modernismo, ao lado de figuras como Oswald de Andrade.

Affonso Romano de Sant’ana identifica três atitudes distintas na poesia de Drummond: “Eu maior que o mundo”, descrita pela ironia; “Eu menor que o mundo”, com foco em temas sociais; e “Eu igual ao mundo”, que abrange aspectos metafísicos.

Em relação à sua poesia política, Drummond escreveu em um contexto marcado pela Guerra Fria, tecnocracia e ditaduras. Isso se refletiu em sua obra, que frequentemente abordava temas áridos e desencantados, como a incomunicabilidade da poesia e a falta de amor em um mundo marcado pela política elaborada.

No final de sua vida, Drummond explorou o erotismo em sua poesia, o que acrescentou uma dimensão intrigante e provocativa à sua já vasta obra. Carlos Drummond de Andrade, com suas emoções e compromisso com a liberdade poética, é lembrado como um ícone da literatura brasileira, que desafiou fronteiras e identificou um legado duradouro.

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João Oscar

João Oscar é jornalista militante de direitos humanos da Baixada e colaborador da ComCausa