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Nascimento Joãosinho Trinta o maior carnavalesco do Brasil

O renomado artista plástico e proeminente carnavalesco brasileiro, João Clemente Jorge Trinta, mais conhecido como Joãosinho Trinta, teve uma vida marcada por sua contribuição ímpar ao mundo do Carnaval e das artes. Nasceu em São Luís no dia 23 de novembro de 1933 e faleceu na mesma cidade em 17 de dezembro de 2011.

Sua jornada começou artística em sua terra natal, onde, até os 10 anos de idade, desbravou os caminhos da dança. Em 1957, mudou-se para o Rio de Janeiro com o intuito de aprimorar sua técnica na dança clássica, estudando no prestigiado Teatro Municipal. Por três décadas, integrou o Corpo de Baile do Teatro Municipal, participando de produções notáveis ​​como as óperas “O Guarani”, de Carlos Gomes, e “Aida”, de Giuseppe Verdi.

A entrada de Joãosinho Trinta no mundo do Carnaval ocorreu em 1961, no Salgueiro, inicialmente atuando como segurança. Em apenas dois anos, viu a escola conquistar o título com o enredo “Xica da Silva”, concebido por Fernando Pamplona e Arlindo Rodrigues. Ao longo dos anos seguintes, presenciaram vitórias em 1965, 1969 e 1971, sempre como parte integrante da equipe de segurança.

Após a saída dos renomados carnavalescos Pamplona e Rodrigues, ascendeu ao cargo de carnavalesco na mesma escola. Em parceria com a artista plástica Maria Augusta, fez sua estreia solo no Carnaval de 1973 com o enredo “Eneida: Amor e Fantasia”. Essa oportunidade marcou o início de uma trajetória repleta de sucessos, conquistando o bicampeonato em 1974 com “O Rei de França na Ilha da Assombração” e em 1975 com “O Segredo das minas do Rei Salomão”.

Após desavenças com a diretoria do Salgueiro, transferiu-se para a Beija-Flor, onde concebeu enredos inovadores e suntuosos, levando à agremiação de Nilópolis a vitórias memoráveis ​​nos anos de 1976, 1977, 1978, 1980 e 1983, além de diversos vice- campeonatos. Alguns enredos provocaram polêmicas, como em 1989, ao tentar incluir no desfile uma representação do Cristo Redentor caracterizado como mendigo, sendo censurado e encoberto durante o desfile na Avenida Marquês de Sapucaí.

Conhecido por sua opinião sobre o esplendor na avenida, Joãosinho Trinta tornou-se famoso por declarar: “O povo gosta de luxo. Quem gosta de miséria é intelectual.”

Sua expertise não se limita apenas ao Rio de Janeiro; foi campeão no Grupo de Acesso com as escolas Império da Tijuca e Acadêmicos da Rocinha, e também deixou sua marca no Carnaval de São Paulo. Em 1993, após 17 anos na Beija-Flor, migrou para a Unidos do Viradouro, conquistando o título em 1997 com o impactante enredo “Trevas! Luz! A explosão do Universo”.

Ao longo dos anos, Trinta teve passagens significativas por escolas como a Grande Rio, alcançando um notável 3º lugar em 2003, uma posição inédita na história da escola. Contudo, problemas de saúde surgiram afetá-lo em 1996, quando ocorreu uma isquemia que paralisou parte de seu corpo.

Mesmo enfrentando dificuldades de saúde, continuou a trabalhar, atuando como consultor durante os preparativos para o Carnaval. No entanto, em 2004, um afetou sua saúde e, no ano seguinte, decidiu afastar-se da Sapucaí, limitando sua atuação em consultorias.

Em 11 de julho de 2006, após dois AVCs, foi internado no Rio de Janeiro e transferido para o Hospital Sarah Kubitschek, em Brasília, de onde recebeu alta em outubro. No entanto, os AVCs deixaram parte de seu cérebro paralisado, obrigando-o a se locomover em uma cadeira de rodas.

Recebeu o título de Cidadão Honorário de Brasília e, em 2010, concorreu sem sucesso a deputado distrital. Faleceu em 17 de dezembro de 2011, vítima de choque séptico, infecção generalizada, pneumonia e infecção urinária.

Como uma homenagem póstuma, seu nome foi atribuído à Cidade do Samba, local que abriga as principais escolas de samba do Rio de Janeiro, sendo uma justa celebração de seu legado no mundo do Carnaval.

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João Oscar

João Oscar é jornalista militante de direitos humanos da Baixada e colaborador da ComCausa