Memória: Nascimento Margarida Alves sindicalista defensora dos Direitos Humanos
Margarida Maria Alves, nascida em 5 de agosto de 1933, em Alagoa Grande, Paraíba, foi uma das primeiras mulheres a ocupar um cargo de liderança sindical no Brasil. Eleita em 1973 como presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de sua cidade natal, Margarida tornou-se uma incansável defensora dos direitos básicos dos trabalhadores rurais, como carteira assinada, 13º salário, jornada de trabalho de oito horas diárias e férias remuneradas.
Sua atuação firme e determinada no sindicato resultou em mais de 100 ações trabalhistas na justiça do trabalho local, enfrentando diretamente os interesses de poderosos proprietários de usinas de açúcar e fazendeiros da região. A militância de Margarida incomodou especialmente os donos da Usina Tanques e alguns remanescentes da aristocracia rural local, culminando em ameaças de morte.
Em um discurso marcante no Dia do Trabalhador, em 1º de maio de 1983, Margarida alertou sobre as ameaças que vinha recebendo e proferiu a frase que se tornaria emblemática: “É melhor morrer na luta do que morrer de fome.” Três meses depois, em 12 de agosto de 1983, Margarida Maria Alves foi assassinada, crime atribuído a Agnaldo Veloso Borges, proprietário da Usina Tanques, e seu genro, José Buarque de Gusmão Neto.
A morte de Margarida se tornou um símbolo da luta contra a violência no campo, pela reforma agrária e pelos direitos dos trabalhadores rurais. Mesmo com a repercussão internacional do crime, nenhum dos acusados foi condenado, evidenciando a impunidade que ainda cerca os conflitos agrários no Brasil.
Em homenagem à sua luta, foi criada em 2000 a Marcha das Margaridas, que reúne mulheres de todo o país em defesa dos direitos trabalhistas e da reforma agrária. Em 1988, Margarida foi agraciada postumamente com o Prêmio Pax Christi Internacional. A data de sua morte, 12 de agosto, foi instituída como o Dia Nacional dos Direitos Humanos, uma forma de manter viva a memória da líder sindical que, mesmo após três décadas, continua a inspirar a luta pela justiça social no Brasil. Todos os anos, a cidade de Alagoa Grande revive sua memória na semana que antecede essa data, reforçando o legado de Margarida Maria Alves como precursora na defesa dos direitos dos trabalhadores rurais na Paraíba e no país.