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Dia da prisão de Nelson Mandela

Nelson Mandela foi preso no dia 5 de agosto de 1962 por participações em protestos e por viajar ilegalmente ao exterior. Em 12 de junho de 1964, o ativista sul-africano, com 46 anos de idade na época, recebeu uma sentença de prisão perpétua por gravação de sabotagem e conspiração contra o governo da África do Sul. Embora tenha admitido a culpa por atos de sabotagem, contestou qualquer envolvimento em ações armadas para derrubar o governo. Nessa época, a África do Sul estava sob o regime de apartheid, que segregava a população negra e mestiça desde 1948.

A resistência ao apartheid aumentou em 1951, quando o Congresso Nacional Africano (CNA), fundado em 1912, lançou uma Campanha de Desafio contra Leis Injustas, um movimento de desobediência civil. Nelson Mandela foi o porta-voz dessa campanha, incentivando os negros a desafiarem como leis segregacionistas, usando espaços reservados apenas para brancos, como banheiros, escritórios públicos e correios. Essa ação resultou na prisão de Mandela e de outros ativistas por dois dias, marcando o início de uma série de detenções para ele.

Inicialmente, o CNA defendeu a não violência, o que o protegeu de ser acusado pelo governo de apoiar ações armadas. No entanto, eventos como o massacre de 67 negros em Sharpeville em março de 1960 levaram Mandela a reconsiderar a resistência armada. Em 8 de abril de 1960, o CNA foi banido, e Mandela foi preso até o ano seguinte, quando passou a viver clandestinamente. Durante dois anos, a polícia o atendeu, e ele acabou saindo do país e viajando por Londres, Nigéria, Botsuana, Egito, Marrocos e Etiópia, onde recebeu treinamento militar.

Em 5 de agosto de 1962, Mandela foi preso novamente, desta vez acusado de incitar greves de trabalhadores e de deixar o país sem permissão. O julgamento final ocorreu em outubro de 1963 e terminou com sua condenação à prisão perpétua em 12 de junho de 1964. Durante o julgamento, Mandela defendeu sua causa perante o júri e enfatizou seu compromisso com a luta do povo africano por uma sociedade livre e democrática, na qual as pessoas vivem juntas em harmonia e com oportunidades iguais. Ele afirmou estar disposto a viver e morrer por esse ideal.

A acusação apresentou documentos recentemente descobertos que mostravam os envolvimentos de Mandela em ações armadas, incluindo um plano detalhado para atacar instalações habitacionais. Embora esperesse a pena de morte para si e seus amigos, o juiz decidiu pela prisão perpétua. Assim, Mandela passou 27 anos na prisão, sendo inicialmente mantido na Ilha Robben e depois transferido para o presídio de Pollsmore de segurança máxima e, posteriormente, para Victor Verster, um presídio de segurança mínima, onde viveu numa cabana dentro do complexo penitenciário.

Durante seu período de encarceramento, uma campanha internacional pela libertação de Nelson Mandela ganhou força. Em 1990, ele foi finalmente libertado, ocorrendo em um momento de conflito crescente na África do Sul. Mandela foi uma figura polêmica durante grande parte de sua vida, sendo denunciado como um terrorista comunista por seus opositores, mas também aclamado internacionalmente por seu ativismo contra o racismo e a segregação. Recebeu mais de 250 prêmios e condecorações, incluindo o Prêmio Nobel da Paz em 1993, que dividiu com o presidente branco Frederik de Klerk, a Medalha Presidencial da Liberdade dos Estados Unidos e a Ordem de Lenin da União Soviética.

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João Oscar

João Oscar é jornalista militante de direitos humanos da Baixada e colaborador da ComCausa