Pai batia no filho que perguntava pela mãe desaparecida
Jovem com 16 anos, tem apenas a certidão de nascimento e nunca frequentou crechê ou escola, reencontrou a avó após 15 anos, lembra dos momentos de terror que viveu ao perguntar sobre a mãe para o pai.
“Eu fui criado pelas mulheres que o meu pai tinha. Mas, quando completei 10 anos o procurei querendo saber da minha mãe. No dia que perguntei, ele me deu uma surra, me afogou e disse que seu eu voltasse a perguntar dela, ele me mataria”, conta o adolescente
“Quatro anos depois, eu o chamei e voltei a questionar sobre o paradeiro da minha mãe. Desta vez, ele disse que ela tinha ido embora com outro homem e nos abandonou.”
“Não dava para ter amigos, porque a gente vivia mudando. De uma hora para outra ele chegava em casa falando que tínhamos que ir embora. Além disso, ele falava que eu não podia sair por segurança, porque a família da minha mãe não prestava. Não me deixava ir à escola”, relembra.
Quem alfabetizou o menino foi a mulher que vive com o pai em Cachoeiras de Macacu, na Região Serrana do RJ, onde a avó materna o encontrou depois de 15 anos.
A mãe do menino, Viviane Machado Modesto da Silva, está desaparecida desde 2008. O pai é investigado pelo sequestro dos dois.
Em entrevista à Rede Globo a mãe de Viviane que encontrou seu neto, criticou a postura da Polícia Civil e do Ministério Público do Estado (MPRJ) na investigação do desaparecimento da filha.
“Eu não tenho pena dele. Quando ele estava bem, ele não teve pena da minha filha e nem da atual mulher dele”, conta Maria.
“No dia que cheguei pra buscar o meu neto quando eu entrei na casa, ele estava sentado, normalmente, e vendo televisão. Quando ele viu a polícia, se jogou e começou a babar. Ele é um dissimulado”, fala a dona de casa a Rede Globo.
A polícia disse que o registro de cárcere privado foi investigado pela Deam de São Gonçalo e em 2014 foi encaminhado ao Ministério Público, que recomendou o arquivamento do processo, o que foi aceito pela Justiça.
O registro de desaparecimento, feito em 2018, foi encaminhado para a Delegacia de Búzios na época. Em maio deste ano, o menino foi localizado, ouvido e o inquérito encaminhado ao Ministério Público.
Procurado, o Ministério Público do Rio (MPRJ) ainda não respondeu aos questionamentos.