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Renato Chiera o “padre de rua” completa mais um ano de vida

Padre Renato Chiera completa hoje mais um ano de vida. Nascido em Piemonte, Roracco, no norte da Itália, em 21 de julho de 1942, ele se define como um “padre de rua” que procura ser cristão nas periferias do mundo, ao lado dos que não são amados por ninguém. Vive nas favelas do Rio de Janeiro desde 1978. Conhecido como “Padre da Cracolândia”, em 1986, o missionário italiano fundou a “Casa do Menor”, que atua diretamente na recuperação de jovens usuários de drogas e ameaçados pelo crime.

Renato Chiera é um camponês, filho de camponeses. Desde muito jovem, tinha o sonho de ser padre, ingressando no seminário aos 12 anos, tendo como principal inspiração São João Bosco. Sendo um dos padres que viveram o Concílio Vaticano II, logo sentiu vontade de percorrer o mundo. Em 1978, o bispo de Mondovì lhe propôs a possibilidade de ser missionário no Brasil, na diocese de Nova Iguaçu, como sacerdote Fidei Donum, que são padres que exercem sua missão em dioceses necessitadas pelo mundo.

Nas periferias do Rio de Janeiro, Padre Renato diz em entrevista ao Vatican News: “Deparei-me com o drama e a tragédia dos meninos não amados, feridos, condenados à violência, à droga e à morte precoce”. Ele acolheu em sua casa um adolescente, “o Pirata”, que estava ferido e perseguido pela polícia e, um dia, foi morto na entrada de casa. “Não vim ao Brasil para ser um padre coveiro, mas para salvar vidas”, diz, expressando sua sensação de impotência.

Em outra ocasião, um jovem se apresentou a ele e o colocou diante de uma realidade brutal: “Na sua paróquia, em um só mês, já mataram mais de 36 adolescentes”, e disse que era o primeiro da lista dos “marcados para morrer”. “Vai deixar que matem todos nós? Ninguém fará nada?”, questionou o jovem. À noite, o rosto do jovem se confundia com o rosto de Jesus aos olhos de Padre Renato: “A mim o fizestes”. O sacerdote reconhece nestes adolescentes que não querem morrer o próprio Jesus. E para ser presença de Deus, pai e mãe, família para quem não é amado por ninguém, inicia uma nova aventura, difícil mas irresistível. Assim nasce a iniciativa da Casa do Menor.

A Casa do Menor São Miguel Arcanjo (CMSMA), localizada no bairro de Miguel Couto, município de Nova Iguaçu, Baixada Fluminense, foi fundada em 19 de outubro de 1986, com o intuito de diminuir o alto índice de assassinatos de crianças, adolescentes e jovens. Há 30 anos, a instituição dedica-se ao desenvolvimento de crianças e adolescentes, através das seguintes linhas de ação: Acolhimento Institucional de Crianças e Adolescentes Deficientes, Acolhimento Especializado de Adolescentes Usuários de Drogas, Casas Lares, Cultura, Esporte, Lazer, Creche, Pré-escola, Profissionalização e Inserção no Mercado de Trabalho.

A Casa do Menor já se espalhou por quatro estados. Padre Renato a chama de uma “mãe comunitária que não abandona as crianças de rua, mas os ajuda a ressurgir como filhos amados por Deus”. Estima-se que, em 33 anos, mais de 100 mil menores foram acolhidos e, hoje, 70 mil deles têm uma profissão e um futuro. Renato disse que daria a própria vida “para salvar uma só criança ou um só adolescente”.

Padre Renato Chiera é uma das principais lideranças na ação transformadora da sociedade e na luta por Direitos Humanos na Baixada Fluminense e em todo o Brasil.

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João Oscar

João Oscar é jornalista militante de direitos humanos da Baixada e colaborador da ComCausa