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Tragédia do Gran Circus Norte-Americano que deixou mais de 500 mortos em Niterói

No dia 17 de dezembro de 1961, um incêndio criminoso devastou o Gran Circus Norte-Americano na cidade de Niterói, Rio de Janeiro, resultando em uma das maiores tragédias da história do país. O circo, que estreou apenas dois dias antes, em 15 de dezembro, foi anunciado como o maior e mais completo da América Latina, atraindo centenas de espectadores para a sua estreia.

O proprietário, Danilo Stevanovich, investiu na montagem do circo, contratando cerca de 50 trabalhadores temporários para ajudar na preparação do espetáculo. Entre eles estava Adílson Marcelino Alves, conhecido como “Dequinha”, que havia sido demitido após dois dias de trabalho e nutria um forte ressentimento contra Stevanovich e outros funcionários do circo.

Os eventos que culminaram na tragédia começaram a se desenrolar no dia seguinte à estreia, quando Dequinha tentou entrar no circo sem pagar, sendo impedido pelo domador de elefantes. Após uma discussão com um ex-colega de trabalho, Dequinha jurou vingança.

Juntamente com dois comparsas, Dequinha planejou incendiar o circo como ato de represália. Mesmo alertado sobre o risco de mortes devido à lotação do local, Dequinha permaneceu irredutível em sua intenção de vingança.

O fogo foi iniciado quando o circo estava lotado, com aproximadamente três mil pessoas na plateia. A trapezista Antonietta Stevanovich, conhecida como Nena e irmã de Danilo, foi quem notou o incêndio faltando vinte minutos para o final do espetáculo. Em questão de minutos, as chamas consumiram todo o circo, resultando na morte de 503 pessoas, sendo 70% delas crianças.

A tragédia foi exacerbada pela falta de assistência médica imediata, já que os médicos estavam em greve naquele dia. A população e profissionais médicos de clínicas privadas se mobilizaram para prestar socorro às vítimas.

As consequências foram avassaladoras: os cemitérios municipais ficaram sem espaço para enterrar as vítimas, e um terreno em São Gonçalo teve que ser utilizado como cemitério emergencial. Enquanto isso, o circo foi transformado em um local de horror, exigindo a rápida construção de urnas para enterrar os corpos.

Após depoimentos que acompanharam as ameaças de Dequinha, ele foi preso, assim como seus comparsas, e condenado a dezesseis anos de prisão e seis anos em um manicômio judiciário como medida de segurança.

Anos mais tarde, em 1973, Dequinha fugiu da prisão e foi encontrado morto com treze tiros, sem que o autor do crime fosse identificado. Seus cúmplices também receberam penas de prisão significativas, encerrando um dos capítulos mais sombrios da história brasileira.

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João Oscar

João Oscar é jornalista militante de direitos humanos da Baixada e colaborador da ComCausa