Baixada Fluminense

As marias-fumaça da SuperVia na Baixada Fluminense

A sessão plenária da Câmara Municipal de Nova Iguaçu relembrou na manhã de terça-feira (18) uma antiga ‘pedra no sapato’ dos moradores da Baixada Fluminense: os serviços prestados pelos trens da SuperVia.

Durante a sessão, o presidente da Câmara Municipal de Nova Iguaçu, Dudu Reina, afirmou que os moradores da  Baixada convivem diariamente com os transtornos causados pela má gestão do transporte ferroviário e que exigem a revisão e novos banheiros nas estações.

Vinte e um anos de operação da SuperVia
Em primeiro de novembro de 1998, a SuperVia Concessionária de Transportes Ferroviários S./A. iniciou a operação de trens urbanos em onze importantes municípios da região metropolitana do Rio de Janeiro. Em maio de 2019, a GUMI – Guarana Urban Mobility Incorporated assumiu o controle da SuperVia. Atualmente o serviço de trens urbanos na Região Metropolitana do Rio funciona através de uma malha ferroviária de 270 quilômetros dividida em cinco ramais, três extensões e 104 estações.

Protestos
Em junho de 2013, durante a Copa das Confederações, diversas manifestações explodiram pelas ruas das cidades brasileiras, reivindicando a redução nos preços das passagens, a melhoria do transporte público e a qualidade nos serviços prestados à população. A revolta da população, especialmente da juventude, eram contra as obras superfaturadas, os desvios de verbas e a falta de diálogo da SuperVia e das demais empresas de transporte público.

Mais à frente, nas olimpíadas, o investimento de R$ 260 milhões nas estações de trem foram apenas (quase) 1% do total investido no setor. Os trens transportam cerca de 680 mil pessoas diariamente. A melhoria qualitativa da malha de trens urbanos e a ampliação de estações de metrô para a Baixada Fluminense não fizeram parte do ‘legado olímpico’.

A questão é mais embaixo
Atualmente há 3 linhas que passam pelas estações da Baixada – Saracuruna, Japeri e Belford Roxo – infelizmente os moradores da região não encontram-se satisfeitos com as linhas ferroviárias atuais.

Dos atuais investimentos em transporte público, três dos principais projetos de mobilidade urbana estão associados à Barra da Tijuca: a ampliação do metro, a TransOeste e a TransCarioca. Do ponto de vista dos trabalhadores, será que esses são os trechos prioritários de investimentos?

A resposta obviamente é não. O transporte também ficou mais caro, agora custando R$ 5 reais, sem ter sido aumentado individualmente para aqueles e aquelas que trabalham em alguns bairros da zona sul da cidade. Se a racionalização ajudou a maioria dos moradores da cidade é difícil dizer, pois acompanhamento e avaliação não foram o forte do Poder público.
“As pessoas têm vergonha de dizer que andam de trem no Rio, e mudar esse estigma leva tempo”, diz Marcelo Boschi, professor da Escola Superior de Propaganda e Marketing.

E então?
A narrativa é que a Baixada Fluminense está sendo ‘deixada à deriva’. Antes da pandemia a SuperVia informava que o intervalo entre trens da linha Japeri era de 7,5 minutos (no mínimo é duvidoso), e, agora leva-se cerca de 30 minutos entre a chegada de um trem e outro de acordo com os passageiros.

Outro fator para lembrar é a instabilidade nas linhas enquanto não há investimentos expressivos realizados – no último mês mais de 5, sendo o último em Maio (17) por conta de um descarrilamento nas proximidades da estação Jardim Primavera, em Caxias.

Em seu site, a SuperVia afirma que “trabalha com dedicação para alcançar a transformação completa do sistema ferroviário e ser cada vez mais parceiros do dia a dia de milhares de pessoas”.

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Adriano Dias

Jornalista militante e fundador da #ComCausa