Rio de Janeiro

Caso Raphaela: Vagner Dias ex-marido da estudante é preso

Na manhã desta terça-feira (31), Vagner Dias, ex-marido da estudante Raphaela Salsa Ferreira, 38 anos, foi detido por agentes da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC). Dias é apontado como o principal suspeito do assassinato de Raphaela, cujo corpo foi encontrado carbonizado. A Justiça do Rio de Janeiro expediu um mandado de prisão temporária contra ele.

Dias prestou depoimento à polícia na segunda-feira (30), após o qual foi solicitada sua prisão. Embora negue as acusações, os investigadores destacam que há fortes indícios de seu envolvimento no crime e na tentativa subsequente de ocultar provas.

Um dos indícios é o celular de Vagner, encontrado quebrado em uma lixeira na residência de Raphaela durante uma das diligências para coleta de provas. Ele alegou que o aparelho havia sido danificado por seu filho.

Segundo o inquérito policial, o suspeito não aceitava o término do casamento de 14 anos. Testemunhas relataram à polícia que Raphaela temia que seu ex-marido descobrisse seu novo relacionamento.

Vagner tem uma anotação criminal por injúria, ameaça, lesão corporal contra Raphaela, em 2014, na Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) de Jacarepaguá, segundo a polícia.

O corpo da estudante foi localizado em Santa Cruz, Zona Oeste do Rio de Janeiro, na noite de sexta-feira (27). Um caminhoneiro alertou a Polícia Rodoviária Federal (PRF) sobre a presença do corpo parcialmente queimado na rodovia Rio-Santos.

A polícia suspeita que o galão de gasolina usado para carbonizar Raphaela pode ter sido adquirido enquanto a vítima ainda estava viva. Acredita-se que ela estivesse no Fiat Uno emprestado a Vagner por um amigo e que tenha sido queimada viva.

Carro usado no crime:

Em uma reviravolta surpreendente, o Fiat Uno, que foi visto em imagens de segurança com Raphaela a bordo, foi identificado como pertencente a um amigo de Vagner. O proprietário do veículo relatou à polícia que Vagner havia solicitado o carro na noite de quinta-feira para uma viagem à Taquara, devolvendo-o nas primeiras horas da sexta-feira sem revelar detalhes de sua jornada.

No entanto, na manhã seguinte, Vagner fez um pedido incomum ao amigo: que não usasse o carro para ir ao trabalho. A razão apresentada foi o desaparecimento de Raphaela, que foi vista em imagens de segurança no veículo na companhia de Vagner.

Para resolver a situação, Vagner propôs pagar um Uber para que seu amigo pudesse ir ao trabalho. O proprietário do veículo confirmou à polícia que reconheceu seu carro nas imagens transmitidas pela mídia.

O homem que comprou o galão de gasolina, que teria sido usado para carbonizar Raphaela, trabalha em um posto de gasolina e contou que recebeu uma ligação de Vagner pedindo que separasse o material por volta das 22h da noite do sumiço de Raphaela.

O frentista relatou ainda que Vagner solicitou que a gasolina fosse entregue na rua lateral ao estabelecimento, e que o funcionário delegou a função a outra pessoa. Para a polícia, Raphaela estava dentro do carro e o suspeito temia que ela fosse vista.

Investigação:

A investigação sobre o desaparecimento de Raphaela ganhou um novo capítulo quando o carro que a pegou em casa passou por perícia. O corpo de Raphaela, encontrado carbonizado a 40 quilômetros de sua residência, foi identificado no Instituto Médico Legal (IML) através de sua arcada dentária e tatuagens.

No domingo (29), o Disque Denúncia lançou um cartaz solicitando informações sobre os possíveis assassinos de Raphaela. A família, ainda abalada, acreditava na inocência de Vagner, pai dos filhos mais novos da vítima e com quem Raphaela mantinha um relacionamento amigável apesar da recente separação.

“Ela estava separada do marido, mas mantinha um relacionamento muito amigável com ele. Era uma relação saudável, ela podia contar com ele sempre que precisava. E assim foi, era isso. Que a justiça seja feita”, disse uma parente.

Raphaela, filha única, deixa quatro filhos, sendo a mais nova com apenas 1 ano e 10 meses.

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João Oscar

João Oscar é jornalista militante de direitos humanos da Baixada e colaborador da ComCausa