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Dia Nacional do Cerrado

No Dia Nacional do Cerrado, celebrado em 11 de setembro, destacamos a relevância do segundo maior bioma da América do Sul, que abriga uma rica tapeçaria de ecossistemas, incluindo savanas, campos, matas e preciosas reservas de água. O Cerrado brasileiro é consagrado como o “berço das águas” do país, ocupando mais de 20% do território nacional. Esta matéria especial ressalta a importância desse ecossistema diversificado e suas contribuições vitais para a vida no Brasil.

A celebração do Dia Nacional do Cerrado foi instituída em 2003 com o propósito de destacar a necessidade de preservar este bioma que se estende por estados como Goiás, Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Bahia, Maranhão, Piauí, Rondônia, Paraná, São Paulo e Distrito Federal. Fragmentos isolados (enclaves) também podem ser encontrados no Amapá, Roraima e Amazonas.

O Cerrado possui aquíferos que desempenham um papel vital no abastecimento de oito importantes bacias hidrográficas, incluindo as gigantes Amazônica, do Prata e do São Francisco, essenciais para o fornecimento de água às cidades e a manutenção da vida em todo o país.

Além de seu valor hídrico, o Cerrado é um santuário de biodiversidade. Com mais de 11 mil espécies de plantas nativas catalogadas, 199 espécies de mamíferos, 837 espécies de aves, 180 espécies de répteis, 150 espécies de anfíbios e 1.200 espécies de peixes, é reconhecido como a savana mais rica em biodiversidade no mundo. Mais de 200 espécies vegetais têm propriedades medicinais, enquanto mais de 400 podem ser usadas na recuperação de solos degradados.

A riqueza do Cerrado sustenta diversas comunidades tradicionais, incluindo indígenas, quilombolas e camponesas. Frutos como pequi, buriti, mangaba, cagaita, bacupari, cajuzinho do cerrado, araticum e sementes de baru compõem a dieta e o comércio dessas populações. Em Goiás, os indígenas Karajá e os quilombolas Kalunga são exemplos notáveis dessas comunidades.

Além disso, o Cerrado oferece paisagens naturais de grande valor turístico, incluindo cachoeiras, cavernas, rios e cânions que atraem visitantes e impulsionam a economia local. Com mais de 5 milhões de hectares de vegetação preservados em suas 64 Unidades de Conservação federais, o bioma registrou quase 800 mil visitantes somente em 2019, com destaque para áreas como o Parque Nacional de Brasília, Parque Nacional da Chapada dos Guimarães, Parque Nacional da Serra da Canastra, Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros e Parque Nacional da Serra do Cipó.

No entanto, o crescimento do agronegócio representa uma séria ameaça à preservação do Cerrado. Nas últimas três décadas, mais de 60% das áreas nativas do bioma foram devastadas para a expansão de atividades de pecuária extensiva e monoculturas de soja e cana-de-açúcar. Isso transformou o Cerrado em um dos hotspots mundiais da biodiversidade, tornando-o um dos biomas mais ricos e, ao mesmo tempo, mais ameaçados do planeta.

Menos de 3% do território do Cerrado está legalmente protegido por Unidades de Conservação de proteção integral, enquanto pouco mais de 5% são destinados ao uso sustentável. A aprovação de projetos que visam reduzir ainda mais essas áreas, como o que afeta o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, coloca em risco a preservação desse valioso bioma. A necessidade de proteger o Cerrado é mais urgente do que nunca, e seu Dia Nacional serve como um lembrete crucial dessa responsabilidade.

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João Oscar

João Oscar é jornalista militante de direitos humanos da Baixada e colaborador da ComCausa