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Eloáh Passos é a 15ª criança morta por bala perdida no Rio em dois anos

Eloá Passos, uma criança de apenas 5 anos, faleceu na manhã deste sábado (12) após ser atingida por um tiro de arma de fogo enquanto brincava dentro de sua residência, situada na Ilha do Governador. Esse trágico incidente marca a 15ª ocorrência de um caso em que uma criança perdeu a vida por consequência de balas perdidas no Rio de Janeiro nos últimos dois anos, compreendendo os anos de 2022 e 2023. Esses dados provêm da organização não governamental Rio de Paz , que mantém um registro das vítimas com idades entre 0 e 14 anos.

Em memória a Eloá, seu nome será inscrito em um memorial junto a outras crianças e falecidos, que está fixado na ciclovia da Lagoa Rodrigo de Freitas. O incidente que levou à morte de Eloá aconteceu enquanto ela pulava na cama dentro de sua própria residência, localizada na área conhecida como Cova da Onça, na Comunidade do Dendê. O tiro fatal ocorreu durante um protesto da população em ocorrência do falecimento de um jovem de 17 anos que supostamente havia trocado tiros com a Polícia Militar, de acordo com informações internas pela própria instituição policial.

Em um comunicado oficial, a Polícia Militar informou que não estava realizando nenhuma operação no interior da comunidade no momento do incidente que resultou na morte de Eloá. Conforme dados fornecidos pelo Instituto Fogo Cruzado, uma plataforma que coleta informações relacionadas à violência armada, um mapeamento recente comprovado que, nos últimos sete anos, 601 crianças e adolescentes com até 17 anos foram atingidos por disparos de armas de fogo na região metropolitana do Rio de Janeiro.

Intitulado “Futuro Exterminado”, esse levantamento ressalta que, em média, uma pessoa com idade até 17 anos é baleada a cada quatro dias na área. O estudo, que abrange o período de julho de 2016 até julho do ano atual, não inclui eventos mais recentes, como o caso do falecimento do jovem Thiago Magalhães Flausino, que foi baleado na Cidade de Deus no último final de semana. Dos 601 incidentes registrados até o dia 8 de julho, 267 resultaram em mortes e 334 em lesões.

Dentro desses registros, é possível destacar casos notórios de crianças vitimadas por balas perdidas durante esse período, incluindo o triste episódio de Ágatha Félix, uma menina de oito anos que foi morta por um tiro de fuzil disparado por um policial no Complexo do Alemão em 2019 O mapa “Futuro Exterminado” também revela que, assim como Ágatha, aproximadamente um terço das crianças e adolescentes que sofreram com a violência armada foram atingidos por balas perdidas, o que totaliza 201 vítimas desse tipo de incidente nos últimos sete anos. Isso significa que, em média, ao menos dois jovens são vitimados por balas perdidas todos os meses na região metropolitana do Rio de Janeiro.

Entre os casos lamentáveis ​​de crianças que perderam a vida devido a disparos de armas de fogo durante o período abrangido pelo estudo do Instituto Fogo Cruzado, também se destacam as primas Emily Victoria e Rebecca Beatriz, de quatro e sete anos, respectivamente. Essas crianças foram atingidas por tiros no peito e na cabeça enquanto brincavam em frente à sua casa no Jardim Gramacho, em 2020. O ano de 2020 também foi marcado pela comoção gerada pela morte do jovem João Pedro, de 14 anos, que foi baleado em São Gonçalo.

Relembre as crianças vítimas de bala perdida nos últimos dois anos no Rio de Janeiro, segundo a Rio de Paz:

  1. Kevin Lucas dos Santos Silva, 6 anos.
  2. Karina Sobral de Souza, 9 anos.
  3. Esther Vitória de Melo Pires, 5 anos
  4. Lorenzo Palhinhas, 14 anos.
  5. Juan Davi de Souza Faria, 11 anos.
  6. Rafaelly da Rocha Vieira, 10 anos.
  7. Maria Eduarda Carvalho Martins, 9 anos.
  8. Ester de Assis Oliveira, 9 anos.
  9. Jhenyfer Luz Silva de Souza, 12 anos.
  10. Lohan Samuel Nunes Dutra, 11 anos.
  11. Arthur Moreira Gonçalves, 13 anos. * Morreu em 05/05/2023, dentro de casa, no Recreio, Zona Oeste. A suspeita é que tenha acendido uma munição e o projétil atingiu seu pescoço.
  12. Yan Gabriel Marques, 12 anos
  13. Dijalma de Azevedo Clemente, 10 anos.
  14. Thiago Menezes Flausino, 13 anos.
  15. Eloah da Silva dos Santos, 5 anos

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João Oscar

João Oscar é jornalista militante de direitos humanos da Baixada e colaborador da ComCausa