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Memória: Chacina de Quintino

A Chacina de Quintino foi uma operação policial ocorrida durante o regime militar no Brasil, resultando na morte de três membros da resistência armada contra a repressão política durante os Anos de Chumbo.

Em 29 de março de 1972, no endereço Avenida Dom Helder Câmara, número 8985, casa 72, no bairro de Quintino, Rio de Janeiro, Lígia Maria Salgado Nóbrega, Antônio Marcos Pinto de Oliveira e Maria Regina Lobo Leite Figueiredo foram mortos por agentes do DOI/CODI do Rio de Janeiro. Todos faziam parte da organização de extrema-esquerda VAR-Palmares, um grupo de guerrilha urbana responsável por vários ataques durante o período contra o governo.

Apenas James Allen da Luz, um dos líderes da VAR-Palmares, ex-comandante do sequestro do voo 114 em 1970, conseguiu escapar do cerco, fugindo pelos fundos da casa. Ele desapareceu em 1973 em Porto Alegre e seu corpo nunca foi encontrado.

Durante 41 anos, a versão oficial dos militares sustentava que houve um tiroteio durante uma tentativa de invasão da casa pelas forças armadas, resultando na morte dos guerrilheiros em confronto armado. Entretanto, investigações da Comissão Estadual da Verdade do Rio de Janeiro em 2013, revelaram documentos e testemunhos que contradiziam essa versão.

Laudos cadavéricos não divulgados na época mostraram que não havia pólvora nas mãos das vítimas, o que contradizia a alegação de confronto armado. Testemunhas descreveram a operação policial como uma execução, onde os guerrilheiros foram mortos com tiros na cabeça após terem sido rendidos. Vizinhos foram ordenados a se esconder enquanto a invasão ocorria.

Além disso, um homem chamado Wilton Ferreira, que erroneamente foi listado como uma das vítimas da casa em Quintino, na verdade foi morto em uma operação anterior pela mesma equipe policial em outro local. Seu corpo foi erroneamente incluído junto aos dos guerrilheiros.

Apenas James Allen conseguiu escapar, sendo o principal alvo da operação devido à sua posição de comando na VAR-Palmares.

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João Oscar

João Oscar é jornalista militante de direitos humanos da Baixada e colaborador da ComCausa