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MPF solicita reparação a familiares de João Cândido

O Ministério Público Federal (MPF) na Baixada Fluminense solicitou ao Ministério de Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC) que a União faça reparações e compensações à família de João Cândido Felisberto, conhecido como “Almirante Negro”. Ele foi o líder da Revolta da Chibata em 1910, que lutou contra as práticas violentas da Marinha contra os marinheiros, principalmente negros.

O Ministério Público Federal (MPF) também defende que o nome de João Cândido seja incluído no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria. Um projeto sobre o tema está atualmente em tramitação na Câmara dos Deputados.

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O procurador da República, Julio José Araujo Junior, argumentou que a anistia concedida pela Lei nº 11.756, de 23 de julho de 2008, sancionada pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foi incompleta, pois não veio acompanhada de compensações à família de João Cândido.

O Ministério Público Federal (MPF) também destaca a necessidade de inscrever o Almirante João Cândido no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria como uma medida de reparação.

MPF da Baixada acolhe familiares de João Cândido

Reconhecimento João Cândido

Líder da Revolta da Chibata, onde marinheiros se insurgiram contra o oficialato, principalmente por conta dos maus tratos e das torturas praticadas sistematicamente pela corporação. João Cândido teve durante séculos sua biografia apagada por ser um episódio vergonhoso na história da Marinha do Brasil e por conta do racismo estrutural. Desde 2019 o “Almirante Negro” está no Livro de Heróis e Heroínas do Estado do Rio de Janeiro. Em 2021, a Comissão de Educação e Cultura do Senado aprovou a inscrição de João Cândido no Livro de Heróis e Heroínas da Pátria. A Marinha, porém, se manifestou contrária à homenagem.

O Almirante Negro nasceu no Rio Grande do Sul em 1880, filho de ex-escravizados, trabalhou por mais de 15 anos na Marinha de Guerra do Brasil, tendo sido instrutor de aprendizes de marinheiro. Ele foi o marinheiro que liderou a Revolta da Chibata, ocorrida em 1910 em navios atracados na Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, e entrou para a história.

A Rebelião ocorrida na Marinha brasileira entre 22 e 27 de novembro de 1910, em protesto contra os castigos físicos que os militares de baixa patente recebiam. Os amotinados, liderados pelo marinheiro João Cândido Felisberto, apelidado pela imprensa da época de “Almirante Negro”, tiveram suas reivindicações atendidas – a punição com chibatadas foi extinta –, mas uma semana depois quase todos foram presos, mortos ou mandados para seringais na Amazônia.

João Cândido passou o final da sua vida morando em São João de Meriti na Baixada Fluminense, uma tentativa de apagar da história seu legado, mas ele permanece vivo e será contado ao mundo no Carnaval de 2014.

 

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João Oscar

João Oscar é jornalista militante de direitos humanos da Baixada e colaborador da ComCausa