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Paraíso do Tuiuti vai homenagear o Marinheiro João Cândido

O Grêmio Recreativo Escola de Samba Paraíso do Tuiuti, anunciou hoje, dia da sua fundação, o título do enredo que levará para a Marquês de Sapucaí no próximo Carnaval: “Glória ao Almirante Negro! ”. em homenagem ao Marinheiro João Cândido.

Proposta será desenvolvida pelo carnavalesco Jack Vasconcelos, que está de volta à agremiação. A logo do enredo foi feita pelo designer e ilustrador Antônio Vieira. Ele se inspirou no universo dos quadrinhos para criar o desenho. A arte é uma capa de HQ.

“Fomos muito felizes com um enredo crítico em 2018, chegando ao vice-campeonato do Grupo Especial, abordando os 130 anos da Lei Áurea. Nesse meu retorno ao Tuiuti, resgatamos mais uma história de resistência e libertação do povo preto. Glória ao Almirante Negro! é uma louvação a quem deve ser tratado como herói. Por isso, nos inspiramos nas histórias em HQs para fazer essa identidade visual do enredo”, explicou Jack.

Líder da Revolta da Chibata, onde marinheiros se insurgiram contra o oficialato, principalmente por conta dos maus tratos e das torturas praticadas sistematicamente pela corporação. João Cândido teve durante séculos sua biografia apagada por ser um episódio vergonhoso na história da Marinha do Brasil e por conta do racismo estrutural. Desde 2019 o “Almirante Negro” está no Livro de Heróis e Heroínas do Estado do Rio de Janeiro. Em 2021, a Comissão de Educação e Cultura do Senado aprovou a inscrição de João Cândido no Livro de Heróis e Heroínas da Pátria. A Marinha, porém, se manifestou contrária à homenagem.

O Almirante Negro nasceu no Rio Grande do Sul em 1880, filho de ex-escravizados, trabalhou por mais de 15 anos na Marinha de Guerra do Brasil, tendo sido instrutor de aprendizes de marinheiro. Ele foi o marinheiro que liderou a Revolta da Chibata, ocorrida em 1910 em navios atracados na Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, e entrou para a história.

A Rebelião ocorrida na Marinha brasileira entre 22 e 27 de novembro de 1910, em protesto contra os castigos físicos que os militares de baixa patente recebiam. Os amotinados, liderados pelo marinheiro João Cândido Felisberto, apelidado pela imprensa da época de “Almirante Negro”, tiveram suas reivindicações atendidas – a punição com chibatadas foi extinta –, mas uma semana depois quase todos foram presos, mortos ou mandados para seringais na Amazônia.

João Cândido passou o final da sua vida morando em São João de Meriti na Baixada Fluminense, uma tentativa de apagar da história seu legado, mas ele permanece vivo e será contado ao mundo no Carnaval de 2014.

Estátua de João Cândido na praça Marechal Âncora

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João Oscar

João Oscar é jornalista militante de direitos humanos da Baixada e colaborador da ComCausa