Campanhas

23 de setembro de 1936 deportação de Olga Benário Prestes

Em março de 1936, Olga e Luís Carlos Prestes foram presos junto de vários outros colegas, que foram torturados pela polícia para dar informações, Olga porém se recusou a ceder informações ao governo que decidiu deportá-la mesmo estando grávida de Luís Carlos Prestes.

“Ela assumiu papéis que só os homens deveriam fazer e foi corajosa e experiente. Quando Prestes foi preso, a polícia brasileira tinha ordem de atirar nele. A essa altura, Benario estava grávida de dois ou três meses, mas ela se colocou na frente dele e a polícia não sabia o que fazer. Ela não fez isso apenas por amor, ela fez porque era o trabalho dela.” disse o professor suíço-alemão Robert Cohen que escreveu três livros sobre Olga Benario.

Mesmo sendo ilegal pela lei brasileira da época, já que Olga estava grávida de uma filha brasileira, o Superior Tribunal Federal deu a ordem de deportação em 1936. Colocaram ela no navio La Coruña rumo a Hamburgo, na Alemanha. A deportação era uma sentença de morte, pois ela era judia, e já sabiam da perseguição nazista contra os judeus.

No dia 18 de outubro de 1936, foi recebida pela polícia secreta nazista a Gestapo, em Hamburgo, no dia 27 de novembro daquele ano, na prisão de Barminstrasse em Berlim, Olga deu a luz a sua filha, Anita Leocádia Prestes, que seria encaminha para um orfanato se não fosse a forte pressão internacional organizada pela mãe de Prestes que fez o governo alemão entregar a criança para a família.

Olga, no entanto, continuou presa e sendo transferida pelo campo de Lichtenburg, depois Ravensbrück e, por fim, Bernburg. Onde foi sujeita a frio, fome, interrogatórios constantes, trabalho escravo e torturas físicas. Até que em outubro de 1941, Hitler ordenou “a deportação de todos os judeus alemães”, o que levou à seleção das mulheres para campos na Polônia. Consciente do extermínio, Benário perdeu todas as esperanças. No campo de concentração de Bernburg, ela foi executada aos 34 anos na câmara de gás com mais 199 presas. O destino de Olga só foi descoberto pela família ao final da Segunda Guerra Mundial em 1945.

Campo de concentração só para mulheres, foi construído para abrigar detentas consideradas ‘desviantes’. Até seu fechamento em 1945, mais de 130.000 mulheres e crianças, incluindo aristocratas, presos políticos e espiões, foram mantidos lá. Olga foi uma das primeiras mulheres a chegar.

“Ela foi chicoteada, colocada em um bunker de punição e trabalhou como escrava na fábrica da Siemens, que era uma das principais empresas de trabalho escravo do acampamento”, conta Saidel fundadora e diretora executiva do Remember the Women Institute, organização sediada em Nova York que apoia projetos culturais e de pesquisa que visam incluir mulheres na história.

“Além disso, ela estava muito quebrada quando tiraram o bebê dela. Durante um ano e meio ela não soube o que havia acontecido, pois sabia que o bebê poderia ter sido dado a uma família nazista. Apesar disso, ela continuou ajudando outras pessoas e permaneceu idealista”.

Ela nunca vacilou diante do inimigo, afirmando que ‘se outros se tornassem traidores, ela nunca seria’. Ela pagou com a vida por tamanha firmeza. Anita Leocádia Prestes, filha de Olga Benário

Portal C3 | Portal C3 Oficial | Comunicação de interesse público | ComCausa

João Oscar

João Oscar é jornalista militante de direitos humanos da Baixada e colaborador da ComCausa