Memória: Chacina da Chatuba
Em setembro de 2012, a comunidade de Chatuba, localizada na Baixada Fluminense, foi palco de um acontecimento que deixaria cicatrizes profundas na memória da região. Seis jovens, com idades entre 16 e 19 anos, embarcaram em uma jornada em busca de aventura, mas tiveram seus sonhos abruptamente interrompidos por membros do tráfico de drogas, que os confundiram com integrantes de uma gangue rival.
Christian de França Vieira, Douglas Ribeiro da Silva, Glauber Siqueira Eugênio, Josias Searles, Patrick Machado de Carvalho e Victor Hugo da Costa eram todos residentes na mesma rua em Nilópolis, uma cidade vizinha a Chatuba. No dia 8 de setembro de 2012, decidiram explorar o Parque Municipal de Gericinó, localizado nas proximidades de sua comunidade. Infelizmente, essa aventura se transformaria em uma tragédia indescritível.
Dois dias após o desaparecimento desses jovens, seus corpos foram encontrados em 10 de setembro de 2012, em um terreno próximo à Rodovia Presidente Dutra, em Mesquita. As cenas eram aterrorizantes: eles estavam amordaçados, exibiam sinais de espancamento, lesões nos dentes e ferimentos causados por facas. Em um momento de angústia insuportável, um membro da família conseguiu fazer contato através do celular de uma das vítimas, apenas para ouvir dos criminosos que seria melhor gerar outro filho, pois aquele não voltaria.
Os corpos de Glauber Siqueira Eugênio, Victor Hugo da Costa, Douglas Ribeiro da Silva, Josias Searles, Patrick Machado de Carvalho e Christian de França Vieira só foram encontrados na manhã de 10 de dezembro, às margens da Rodovia Presidente Dutra (BR-116), nas proximidades do bairro São José, em Nova Iguaçu, também na Baixada Fluminense.
A comoção na região foi avassaladora, e em 11 de setembro de 2012, cerca de 250 policiais do Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar do Rio de Janeiro e dos Fuzileiros Navais ocuparam a comunidade de Chatuba em uma intensa busca pelos responsáveis pela morte dos jovens. No primeiro dia da operação, 19 pessoas foram detidas, mas ainda não havia confirmação de ligação direta com o massacre.
A operação afetou o funcionamento de postos de saúde e escolas locais, deixando 9 mil estudantes sem aulas. O Disque-denúncia recebeu 126 ligações relacionadas ao caso até aquele momento.
Em 12 de setembro de 2012, a polícia solicitou a prisão preventiva de sete suspeitos, incluindo o líder do tráfico de drogas em Chatuba. A busca pela verdade continuou, e em 13 de setembro, mais dois corpos foram encontrados na mesma área, dentro de uma região de treinamento militar que faz fronteira com o Parque Municipal de Nilópolis, pertencente ao Exército.
No decorrer das investigações, em 5 de novembro de 2012, a polícia divulgou imagens que poderiam contribuir para esclarecer o caso na Baixada Fluminense. As imagens mostravam uma carroça transportando os corpos das vítimas por três homens. Nesse momento, oito suspeitos foram detidos (ou apreendidos, no caso dos dois adolescentes envolvidos), e em 31 de outubro, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro havia emitido mandados de prisão para 14 suspeitos.
A tragédia não se limitou apenas aos seis jovens assassinados. Durante as investigações, a Polícia Civil revelou que os criminosos de Chatuba também eram responsáveis pelas mortes de mais três pessoas naquele mesmo fatídico fim de semana. O pastor Alexandre Lima, o cadete da PM Jorge Augusto de Souza Alves Júnior, com 34 anos de idade, e José Aldecir da Silva Júnior, de apenas 19 anos, perderam suas vidas nas mãos desses implacáveis criminosos.
Naquele momento, três suspeitos já estavam sob custódia. Durante a semana seguinte, a polícia realizou operações contínuas, inclusive na Zona Norte do Rio, bem como nos bairros próximos a Mesquita e Nilópolis, na busca incessante pelos suspeitos.
Devido à violência recorrente na região, o então secretário estadual de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, estabeleceu uma presença policial intensiva na comunidade, com mais de 100 agentes trabalhando no local.
Em 18 de setembro de 2012, teve início a construção de um muro com o objetivo de impedir o acesso de traficantes ao campo de treinamento militar em Gericinó. Relatos indicavam que os criminosos estavam armados com fuzis e controlavam a região, usando-a para o enterro de suas vítimas.
Em 19 de setembro de 2012, o suspeito de transportar os corpos dos seis jovens mortos na chacina de Chatuba foi preso.
Em 5 de novembro de 2012, quase dois meses após os assassinatos, a polícia divulgou imagens que poderiam ajudar a esclarecer o caso na Baixada Fluminense. As imagens mostravam uma carroça com três homens transportando os corpos das vítimas. Nesse momento, oito suspeitos foram detidos (ou apreendidos, no caso dos dois adolescentes envolvidos), e em 31 de outubro, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro havia decretado a prisão de 14 suspeitos.
m 2013, Remilton Moura da Silva Júnior, conhecido como “Juninho Cagão” e acusado de ser o mandante da chacina da Chatuba, foi encontrado morto em 5 de janeiro nas proximidades da favela do Chapadão, em Costa Barros, na zona norte do Rio de Janeiro. Ele havia sido denunciado à Justiça como o suposto responsável pela chacina que resultou na morte de seis jovens na favela da Chatuba, em Mesquita, na Baixada Fluminense, ocorrida em setembro do ano anterior.
De acordo com informações da Polícia Militar, Juninho Cagão, envolvido com o tráfico de drogas, teria sido assassinado por seus próprios comparsas. Ele fugiu para a comunidade do Chapadão, onde o tráfico era controlado pela mesma facção que atuava na Chatuba, após uma série de operações policiais que visavam capturar os responsáveis pela chacina. As circunstâncias precisas desse crime ainda permanecem sem esclarecimento.
Além de “Juninho Cagão,” vários outros suspeitos foram apontados e tiveram a prisão decretada, incluindo nomes como Abner José Moura de Oliveira, conhecido como “Ratinho” ou “Ratinho do Bicão”; Eduardo de Souza Silva Júnior, apelidado de “Dudu”; Danilo Machado Valverde; Bruno Magno Benedito Silva, também conhecido como “Neguinho da CDD”; Felipe Barbosa; Werly Ângelo Soares dos Santos, chamado de “Wesley”; Daniel Dias Cerqueira dos Santos, apelidado de “PQD”; Cristiano Artur Carvalho Barreto, conhecido como “DJ”; Renato José dos Santos, chamado de “Sabadão”; Fernando Domingos Pereira Simão, conhecido como “Sheik”; Jonas Santos Pereira, apelidado de “Jonas Pintado” ou “Velho”; Luiz Alberto Ferreira de Oliveira, conhecido como “Beto Gordo”; e Marcus Vinicius Madureira da Silva, apelidado de “Ratinho.”
Eduardo de Souza Silva Júnior, também conhecido como “Dudu,” apontado como um dos assassinos do policial militar Jorge Augusto de Souza Alves Júnior, ocorrido em setembro de 2012, foi condenado a uma pena de 18 anos e 8 meses de reclusão. O crime envolveu o cruel assassinato do policial, que sofreu 14 tiros a curta distância em diversas partes do corpo. O caso de Jorge Augusto fazia parte de uma sequência de assassinatos cometidos por traficantes de drogas da Favela da Chatuba, em Mesquita, na Baixada Fluminense.
Como Eduardo já havia cumprido prisão provisória por três anos, quatro meses e 16 dias, o magistrado determinou que ele cumprisse o restante da pena a que foi condenado – 15 anos, 3 meses e 14 dias – em regime inicialmente fechado.
Com o passar dos anos, alguns suspeitos foram condenados, mas a dor causada por essa chacina ainda perdura na memória da Baixada Fluminense. O caso de Chatuba continua a ser um doloroso lembrete das devastadoras consequências da violência e do tráfico de drogas em nossa sociedade.
Anos após essa tragédia que marcou a Baixada Fluminense, as cicatrizes emocionais permanecem vivas na comunidade de Chatuba e em toda a cidade do Rio de Janeiro. Esta triste narrativa serve como um sombrio lembrete das profundas repercussões da violência e do comércio de entorpecentes em nossa sociedade, deixando um legado de sofrimento nas famílias e na memória daqueles que foram afetados por essa terrível tragédia.
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