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Familiares do catador Diérson Gomes é recebido na ALERJ

A família do catador Diérson Gomes da Silva, assassinado durante operação policial na Cidade de Deus na semana passada, foi recebida pela Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) nesta quinta-feira (12/01), em conjunto com a Defensoria Pública e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).

O catador de recicláveis Diérson Gomes foi atingido por disparos durante uma operação da Polícia Militar (PM) na Cidade de Deus. Os PMs confessaram que confundiram o pedaço de madeira que estava com um fuzil.

Segundo familiares, Diérson Gomes da Silva, de 51 anos, tinha deficiência mental e costume de andar com um pedaço de madeira preso no corpo, “provavelmente para se defender”, afirmam. Ele estava no quintal de casa e morreu no local após ter sido atingido por disparos durante uma operação da Polícia Militar (PM) na Cidade de Deus, Zona Oeste do Rio de Janeiro, na manhã desta quinta-feira (5/1).

Sentimento de revolta

Durante o encontro, a sobrinha de Diérson, Jurema de Souza, criticou a atuação dos policiais. “Há um sentimento de revolta. O meu tio não é o primeiro homem negro favelado a ser morto dessa forma. Ele foi alvejado por tiros, por balas que nós compramos porque pagamos os nossos impostos e vivemos corretamente. Ele foi alvejado com aquilo que a gente comprou para fazer a nossa defesa”, desabafou Jurema. “Nós ainda não fomos procurados pelo Estado”, acrescentou.
Sete dias depois da morte do irmão, Denise Monteiro pediu justiça, contou que tem recebido o apoio da comunidade. “Onde a gente passa, as pessoas só pelo olhar transmitem um abraço. Elas não falam, mas expressam com o olhar o desejo de força. Se tiver nova operação, a gente vai ficar com medo porque pode acontecer de atirarem em alguém como fizeram com o meu irmão”.

A deputada Dani Monteiro (PSOL), que preside a Comissão de Direitos Humanos da Alerj, afirmou que o grupo vai acompanhar o caso e criticou o descumprimento da legislação que regulamenta as operações policiais. De acordo com a deputada, 1/4 de todas as denúncias que a comissão recebeu, em 2022, são relacionadas à letalidade policial.

Catador é morto pela PM que confundiu madeira com arma

“O encontro foi para prestas solidariedade à família e também entender quais medidas judiciais são cabíveis e quais órgãos devem ser acionados. A partir da comissão, a gente tenta provocar uma justiça individualizada do caso, mas também uma fiscalização de qual política pública é necessária para garantir os direitos humanos e a segurança pública”, comentou. “O governador precisa cumprir a lei que rege as operações policiais para resguardar tanto a vida dos agentes, mas especialmente dos moradores dessa comunidade. Não havia ambulância no local, não foi prestado o devido socorro e até hoje o governador retarda a instalação das câmeras nos uniformes dos policiais, o que poderia solucionar rapidamente casos como este”, criticou.

O procurador da Comissão de Direitos Humanos da OAB, advogado Rodrigo Mondego, comentou que ainda não teve acesso ao inquérito e que, após o primeiro contato com os familiares da vítima, vai acompanhar a apuração do caso na Delegacia de Homicídios.

“O que a gente sabe, inclusive por informação oficial da polícia, é que eles confessaram o crime. Eles mataram uma pessoa inocente porque estava com um pedaço de madeira na mão. Ao nosso ver, conforme o que foi apurado até agora, houve um crime de homicídio e o Estado deve responder pela lesão causada de responsabilidade cível e a pessoa que cometeu esse crime, como qualquer criminoso, deverá pagar por isso”, comentou. Caso seja necessário, o caso será enviado aos organismos internacionais.

Fonte: Alerj

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Adriano Dias

Jornalista militante e fundador da #ComCausa