Brasil

Lançamento da Cartilha Saúde na Favela pela Perspectiva Antirracista na FIOCRUZ

No último dia 13 de dezembro, o auditório do Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS/Fiocruz), no campus Manguinhos da Fiocruz, foi palco do Seminário de Lançamento da Cartilha “Saúde na Favela pela Perspectiva Antirracista”. O evento reuniu pesquisadores da Fiocruz, profissionais de saúde, moradores de favelas, articuladores de promoção da saúde e militantes do Movimento Negro Unificado (MNU), consolidando um esforço conjunto para abordar e enfrentar as questões de saúde sob uma ótica antirracista.

O seminário, realizado pela Coordenação de Cooperação Social da Presidência da Fiocruz (CCSP) em parceria com o MNU, marcou o encerramento do projeto “A Saúde na Favela pela Perspectiva Antirracista”, que ao longo de 2023 trabalhou em conjunto com lideranças de quatro territórios de favelas do Rio de Janeiro na formação de promotores populares de saúde.

A abertura do evento ficou a cargo de Valéria Montezuma, psicóloga e bolsista de pesquisa da Cooperação Social, que apresentou o projeto, destacando o monitoramento dos fatores de violência específicos em cada território. “Entendemos que o que une as quatro comunidades é a violência armada, mas ela se manifesta com particularidades para cada território”, ressaltou Valéria.

O documentário “Saúde antirracista na favela, é possível?”, dirigido por Edilano Cavalcante e produzido pela Fiocruz em parceria com nove organizações da sociedade civil, foi exibido, oferecendo uma visão impactante sobre as experiências de moradores e profissionais de saúde nos territórios de Vila Cruzeiro, Jacarezinho, Vila Kennedy e Mangueirinha. O filme trouxe à tona narrativas sobre o racismo no Sistema Único de Saúde (SUS) e, segundo o diretor, é um instrumento para ampliar o debate em diversos espaços sociais.

Leonardo Bueno, coordenador do projeto pela Cooperação Social, destacou a importância de discutir questões raciais em âmbito local e a necessidade de atuar nos territórios de favelas, onde a população majoritariamente negra enfrenta diversas formas de racismo. Ele enfatizou a importância de formar lideranças territoriais para promover ações de saúde nos determinantes sociais, buscando efetivamente impactar a vida das pessoas.

A mesa de debate “A saúde nas práticas antirracistas em favelas”, mediada por Fátima Monteiro do MNU/RJ, contou com a participação de Hilda Gomes, coordenadora de Equidade, Diversidade, Inclusão e Políticas Afirmativas da Fiocruz, e João Batista, coordenador do MNU no Rio de Janeiro. Os debatedores ressaltaram a presença persistente do racismo em diversos contextos, incluindo ambientes de trabalho, universidades, equipamentos de saúde e espaços públicos.

Fátima Monteiro destacou a continuidade do projeto, afirmando que não se trata apenas de uma proposta temporária, mas de um esforço contínuo em prol da coletividade, dos acessos e dos direitos. Durante o debate, foram abordadas experiências de racismo vividas no cotidiano, e o público teve a oportunidade de fazer perguntas, revelando a importância do engajamento da comunidade na discussão dessas questões.

A segunda etapa do evento teve início com Clarice Ávila, integrante do MNU, que recebeu Cristiane Vicente, Assessora Técnica da Superintendência de Promoção de Saúde da Secretaria Municipal de Saúde (SMS/RJ), para a mesa “Promoção da saúde integral da população negra”. Nesse momento, Cristiane abordou a construção da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra, evidenciando a necessidade de políticas direcionadas para enfrentar o racismo institucional nos serviços do SUS.

Durante a apresentação, Cristiane enfatizou a importância de reconhecer e respeitar as crenças e ideologias das pessoas atendidas, destacando a dimensão étnico-racial que muitas vezes não é abordada nas práticas de saúde. O debate foi enriquecido com a participação do público, que trouxe perguntas e compartilhou experiências relacionadas à formação e à vivência do racismo.

O momento mais aguardado do evento foi o lançamento da Cartilha “Saúde na Favela numa Perspectiva Antirracista”. O pesquisador da Cooperação Social, Heitor Silva, apresentou os conteúdos da publicação, que aborda temas como garantia de direitos, participação social, diferenças entre favelas, racismo e violência armada. O livreto, distribuído a todos os presentes, será disseminado nos quatro territórios participantes do projeto, contribuindo para a multiplicação do conhecimento e a promoção da saúde antirracista.

O seminário, coberto por jornalistas da página Vila Cruzeiro RJ Oficial, teve seu lançamento divulgado pela Agência Brasil, pelo portal Terra e pela página Alma Preta Jornalismo, ampliando o alcance e impacto das discussões sobre saúde e racismo.

O projeto “Saúde na Favela pela Perspectiva Antirracista” continua seu compromisso de formar promotores populares de saúde e ampliar a discussão sobre o impacto do racismo na saúde da população negra. A iniciativa, realizada pela Coordenação de Cooperação Social da Fiocruz em parceria com o Movimento Negro Unificado (MNU), conta com o apoio de diversas organizações, reforçando a importância do trabalho conjunto para promover mudanças significativas nos territórios de favelas do Rio de Janeiro.

| Editoria Virtuo Comunicação

| Projeto Comunicando ComCausa

| Portal C3 | Instagram C3 Oficial

Adriano Dias

Jornalista militante e fundador da #ComCausa