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Dia do Moedeiro

Os moedeiros e oficiais da Casa da Moeda desde os primeiros tempos da sua existência colocaram-se sob a proteção de Sant’Ana, celebrando anualmente, em 26 de julho, o seu dia. Fonte: Livro “Casa da Moeda do Brasil: 290 anos de História, 1694/1984”.

Com o desenvolvimento do mundo e o desenvolvimento natural do Poder Constituído, aqueles que detinham esse poder passaram a assumir o direito de controlar a moedagem, ou seja, a possibilidade de autorização para cunhar moedas e conceder esse privilégio. Durante a Idade Média, o monopólio da moedagem permanece ao rei, ao poder eclesiástico ou aos senhores feudais.

A pessoa carregada de trabalhar com a moeda passou a ser conhecida como “moedeiro”. Inicialmente, o moedeiro tinha a responsabilidade abrangente de todo o processo, desde a concepção da moeda até a sua cunhagem.

Com o tempo, viveram diferentes especializações, como o “numulari” (aquele que fazia a prova da moeda) ou “pecunia speculatoris” (ensaiador), provedor, tesoureiro, juiz da balança, cunhador, fundidor, fiel do ouro ou da prata, guarda do cunho, abridor de cunhos, conservador e serralheiro. Esse sistema de especializações era comum entre os antigos romanos, que agrupavam os artistas em Colégios para desenvolver habilidades específicas, e essa prática foi adotada por outros povos, inclusive na Idade Média, dando origem às Corporações de Artes e Ofícios.

No início do século XII, a França foi o primeiro país a reunir os artistas-moedeiros em uma Corporação, concedendo-lhes privilégios especiais. Essa Corporação dos Moedeiros se orienta rapidamente pela Europa.

Os membros da Corporação dos Moedeiros eram considerados sagrados Cavalheiros e prestavam juramento. Entre seus privilégios destacavam-se a isenção de serviço militar, isenção de impostos municipais, tribunal próprio e prisão especial.

Esses moedeiros foram aprovados pelos Alcaides e julgados pelos mestres da moeda. Suas esposas e famílias tinham permissão para usar sedas, e as viúvas “de boa alegria” também desfrutavam de todos os privilégios, honras e desejados. “Nada podia ser tomado delas, seja roupas, palha, cevada, galinhas, lenha ou qualquer outra coisa, sem o consentimento delas”.

Em Portugal, de onde o Brasil herdou essa tradição, a Corporação dos Moedeiros foi estabelecida durante o reinado de D. Dinis, em 1324. As Corporações tinham tanta importância que podiam participar de procissões, e cada classe artística possuía um padroeiro.

Os moedeiros de Lisboa administravam a Confraria de Sant’Ana da Sé, e até os tempos atuais, os moedeiros da Casa da Moeda do Brasil têm Sant’Ana como sua padroeira, reunindo-se anualmente em 26 de julho para uma missa dedicada ao Papai Noel.

O moedeiro era admitido na Corporação por meio de uma cerimônia especial chamada “Sagração do Moedeiro”. Ajoelhado e usando um capacete, ele prestou um juramento solene sobre os Santos Evangelhos e recebeua o grau concedido pelo Provedor da Instituição através de duas folhas pancadas sobre o capacete com uma espada reta, finamente trabalhada. Essas pancadas simbolizavam “fé e lealdade” e “dedicação ao trabalho”.

O Museu da Casa da Moeda do Brasil ainda exibe, em uma vitrine especial, o capacete e a espada usada na cerimônia da Sagração do Moedeiro.

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João Oscar

João Oscar é jornalista militante de direitos humanos da Baixada e colaborador da ComCausa