Caso Sophia: Pai da menina tentou ficar com a guarda da filha

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Na foto, Jean Carlos Ocampo, pai de Sophia de Jesus Ocampo, ao meio, e Igor de Andrade, padrasto da vítima Foto Reprodução
Na foto, Jean Carlos Ocampo, pai de Sophia de Jesus Ocampo, ao meio, e Igor de Andrade, padrasto da vítima Foto Reprodução

O pai menina Jean Carlos Ocampo, e o padrasto Igor Andrade e, o casal tentou obter a guarda da menina Sophia quando perceberam que a criança tinha marca pelo corpo. A mãe da criança praticava alienação parental e não respeitava as regras da guarda compartilhada.

Jean e Igor fizeram a primeira denúncia em janeiro de 2022 quando Sophia Ocampo chegou na casa deles com machucados nos dedos e arranhões pelo corpo, a criança foi levada ao conselho tutelar que os orientou a fazer um boletim de ocorrência. Segundo Jean, depois da denúncia, as agressões aumentaram.

Já em novembro 2022, um segundo Boletim de Ocorrência foi registrado após Sophia chegar na casa do pai com a perna quebrada. Segundo a mãe da criança foi por causa de um tombo no banheiro.

“Passamos por vários lugares para entrar com pedido de guarda da neném. A única coisa que a gente pedia era para tirar a menina de lá. A mulher [mãe] chegou a ser presa no ano passado por maus-tratos aos animais. Com isso, fomos atrás novamente para mostrar a situação insalubre que a neném vivia, e aí, vinha a mesma resposta: tem que aguardar”, disse Igor, que contou que Stephanie de Jesus da Silva não sistematicamente impedia o pai ver a menina. “Ela dizia que não deixaria a filha com dois homens”, contou.

A primeira denúncia que foi registrada, no início de 2022, foi arquivada pelo Ministério Público do Mato Grosso do Sul. Na época a avó e a mãe da criança negaram ter havido maus-tratos e que “não havia interesse no procedimento criminal” para a polícia civil. O pai compareceu na audiência preliminar e informou perante a autoridade policial que os maus tratos não voltaram a acontecer.

Todos os apelos do pai biológico Jean Carlos Ocampo po foram ignorados pelos órgãos que desceriam proteger a criança. Sophia chegou a ser atendida em postos de saúde de Campo Grande por 30 vezes antes de morrer, uma delas, por fraturar a tíbia, segundo dados da Polícia Civil. O pai biológico Jean Carlos Ocampo e seu companheiro, Igor de Andrade, dizem haver ocorrido uma “omissão sistêmica” por parte das autoridades na condução do caso. Técnico de enfermagem, Jean registrou boletins de ocorrência por maus tratos e fez inúmeras denúncias no Conselho Tutelar, tentando ainda conseguir a guarda da filha nos últimos 13 meses – o que não lhe foi concedido. Além da dor do luto, ele e o companheiro declararam estar indignados com as autoridades, que receberam diversos pedidos de socorro e poderiam ter evitado a morte da criança.

Sophia morreu no dia 26 de janeiro na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Coronel Antonino, no Centro de Campo Grande, Mato Grosso do Sul, após ser agredida e estuprada.

Mais um caso Hanry

A morte de Sophia mais uma vez causou comoção nacional e ganhou repercussão nas redes sociais, levando educadores, advogados, médicos, psicólogos, atores e influenciadores digitais a manifestarem sua revolta contra a violência e morte da menina. Muitos usaram o termo #JustiçaporSophia, que já reúne milhares de postagens nas plataformas.

“Foi mais um caso Henry Borel, fruto da omissão do conselho tutelar, da polícia civil do judiciário”, escreveu em uma rede social o jornalista Adriano Dias, fundador da ComCausa. “O Estado tem tanta, ou mais culpa, do que os assassinos. Já havia dezenas de indícios e mesmo assim mais uma criança é vítima da alienação parental”.

Entre 2017 e 2020, 180 mil crianças e adolescentes sofreram violência sexual – uma média de 45 mil por ano e a maioria dos crimes ocorre na casa das próprias vítimas. É o que revela o Panorama da Violência Letal e Sexual contra Crianças e Adolescentes no Brasil, lançado no ano passado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP).

Casal quis criar versão para morte: “Inventa qualquer coisa”.

Na quebra de sigilo telefônico feita pela polícia mostrou que a mãe e o padrasto sabiam das implicações da morte da menina e tentavam criar uma história. “Inventa qualquer coisa, diga que ela caiu no parquinho”, escreveu Christian Leitheim, padrasto da criança.

Na coletiva feita pela polícia, a delegada Anne Karine Trevisan, titular da DEPCA (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente). Expôs que a menina morreu entre 8h e 9h do dia 26 de janeiro, mas somente foi levada ao posto de saúde da Vila Nasser às 17h daquele dia. Neste período, o casal tentou criar a história que explicasse a morte.

Menina Sophia é enterrada

Relembre o caso:

Criança é morta pela mãe e padrasto em Campo Grande (MS)

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